Não fosse este um país de amantes, muitas vezes “loucos” pela gastronomia: a lampreia é um dos pitéus que levam mais pessoas a abandonar o conforto do lar para ir comer aquele prato, naquele restaurante, naquela região.

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O aspecto é de um animal pré-histórico – e parece estar comprovado que assim é – ou de um filme de terror série B, mas isso não interessa nada.

Boca da lampreia

Boca da lampreia

De norte a sul, mas com uma especial tendência para o Minho, a iguaria faz parte dos menus dos restaurantes em quase todo o país.


Arroz de Lampreia (Receita de Viana do Castelo)

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Ingredientes:
Para 4 pessoas

  • 1 lampreia
  • 2 cebolas
  • 2 dl de azeite
  • 1 ramo de salsa
  • 1 dl de vinho branco
  • 1/2 chouriço de carne
  • sal
  • pimenta
  • 400 g de arroz

Preparação

Prepara-se a lampreia e corta-se em »toros» (bocados) e tempera-se com vinho branco, a salsa, sal e pimenta.

Faz-se um refogado, pouco puxado, com a cebola e o azeite.

Introduz-se a lampreia neste refogado juntamente com o sangue, a salsa e o vinho que serviram para a temperar.

Adiciona-se um pouco mais de pimenta e o chouriço cortado às rodelas e deixa-se refogar.

Depois, retiram-se os bocados de lampreia e acrescenta-se a calda com água.

Esta deve ser em quantidade que perfaça cinco a seis vezes o volume do arroz.

Rectifica-se o paladar da calda, deixa-se levantar fervura e junta-se o arroz escolhido mas sem ser lavado.

Depois do arroz cozido, o que leva cerca de 20 minutos, introduz-se os bocados de lampreia e serve-se o arroz imediatamente.

Vinhos Recomendados

(clique em qualquer garrafa para conhecer a apreciação)


O que é a Lampreia ?

Lampreia é o nome comum dado a diversas espécies de peixes ciclóstomos de água doce ou anádromos, com forma de enguias, mas sem maxilas, pertencentes à família Petromyzontidae da ordem dos Petromyzontiformes.

Nestes peixes, a boca está transformada numa ventosa circular, com o diâmetro do corpo, reforçada por um anel de cartilagem e armada com uma língua-raspadora igualmente cartilaginosa. Várias espécies de lampreia são consumidas como alimento.

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No tempo dos Romanos eram guardadas em grandes tanques. Consta que houve conflitos na área da teologia, uma vez que nos dias de jejum de carne houve dúvidas em consumir a lampreia. O primeiro trabalho científico de Sigmund Freud abordou o tema da larva da lampreia, em 1877.

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Em Portugal vivem 6 espécies de lampreias: lampreia-marinha, lampreia-de-rio, lampreia-de-riacho e ainda lampreias-da-costa-da-prata, lampreia-do-nabão e lampreia-do-sado, nomes que remetem para os seus locais de origem.

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Alimentação

Começam por se alimentar de larvas de peixes e de invertebrados. Com a ajuda da ventosa, fixam-se pela boca a outros peixes, fazendo um buraco na sua pele para lhes sugar o sangue e comer a carne.

Não é raro vê-las fixadas a tubarões, salmões, bacalhaus e mamíferos marinhos.

As espécies mais gastronómicas

A lampreia-marinha (Petromyzon marinus) é aquela que é considerada um autêntico pitéu e que leva muita gente em romarias gastronómicas.

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Já a lampreia-de-rio (Lampetra fluviatilis) e a lampreia-de-riacho (Lampetra planeri) não se comem e são mais raras do que a sua congénere marinha, pelo que estão classificadas como criticamente em perigo de extinção, na última versão do Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal, de 2005.

A lampreia-de-riacho está presente sobretudo em Portugal, desde o Douro até ao Sado. Já a lampreia-de-rio foi declarada extinta em Espanha e, em Portugal, encontra-se somente no troço inferior dos rios Tejo e Sorraia. Para cada uma destas espécies, a população não ultrapassará os dez mil indivíduos.

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Há três espécies endémicas de Portugal, o que significa que vivem apenas aqui. A lampreia-da-costa-da-prata (Lampetra alavariensis) é endémica das bacias hidrográficas do Vouga e do Esmoriz, enquanto a lampreia-do-sado (Lampetra lusitanica) existe só nesta rede hidrográfica e a lampreia-do-nabão (Lampetra auremensis) se restringe a esta bacia afluente do Tejo.


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