O Vinho Medieval de Ourém – Um vinho histórico !

O Vinho Medieval de Ourém é um vinho único, que volta a afirmar-se com um punhado de bons e corajosos produtores.

No período Medieval e dados os dogmas religiosos, o vinho tinto opaco e encorpado era considerado o Sangue do Diabo !

Assim e para ficar semelhante ao Sangue de Cristo, eram vinificadas primeiro em barrica as uvas brancas, depois e para evitar pigmentação por polifenóis (compostos desconhecidos à época), as uvas tintas eram esmagadas sem esgotamento e posteriormente adicionado o líquido.

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E assim estagiava em barrica até ao fim da fermentação. Atualmente e por legislação, é obrigatório cumprirem-se 2 anos de estágio !

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A vinha medieval tem entre cepas de Fernão Pires e Trincadeira, todas em pé franco, sem arame e sem tratamentos !

A tradição vem desde o início da Nacionalidade, através dos monges de Císter, e onde se conjugam diversos fatores.

Este vinho tem por isso séculos de história, numa linha de 800 anos no tempo, produzindo brancos, tintos e palhetes. Afonso Henriques nesta altura celebrou então um acordo com os monges de Císter.

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O terroir é extremamente favorável: terras altas e argilosas ou barrentas, clima muito quente em época de estio, vindima mais tardia, o que origina elevado grau alcoólico. A casta mais utilizada é a Fernão Pires.

O Vinho de Ourém foi servido com abundância nas tabernas da região e vendidos à porta dos produtores quer a locais, quer a clientes que vinham de fora especificamente para adquirir.

Na última década do século XX, verificou-se o abandono das vinhas, principalmente ao nível de cepas de uvas brancas. O declínio foi quase total.

Atualmente e felizmente que após longas batalhas caminhou-se no sentido de criar a certificação, obedecendo a um método certificado com a denominaçáo de Medieval! Diz-se e escreve-se “Vinho Medieval de Ourém” com Denominação de Origem Encostas d’Aire.

Abandonando a designação de palhete. É a única zona deste país, com área bem definida, autorizada e produzir vinhos deste género!

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O abandono ocorreu também, dentro das freguesias do concelho, em consequência das exigências da União Europeia.


Os vinhos são únicos: têm história, encorpados, frutados e há uma obrigação moral na sua proteção.

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Felizmente que uma nova geração tomou rédeas e caminha no sentido de novos rumos a dar à região.

O palhete atualmente certificado (designado Medieval) foi criado pelos monges, e é um “vinho branco pintado com uvas tintas” (segundo Hélder Mota da Divinis), tradição segundo consta dos registos efetuados pelos monges da Ordem de Císter.

É atualmente um DOC Encostas d’Aire e os produtores têm as suas vinhas registadas.


O chamado vinho medieval tem que ter obrigatoriamente 80% de uvas brancas Fernão Pires e 20% de uvas tintas Trincadeira.

Método de produção:

Enquanto as uvas brancas são colocadas em vasilha de madeira, as tintas são esmagadas e permanecem entre 5-8 dias em dornas, a fazer curtimenta, para absorção da côr escura das películas pelo líquido. Após a operação, as duas uvas são misturadas e permanecem perto dde 1 mês em barricas. Após fermentação, o vinho é passado a limpo. Existem meia-dúzia de produtores que reproduzem fielmente esta metodologia.

A batalha pela certificação foi ganha em 2005, e há a necessidade de união entre os poucos produtores da zona, no sentido da promoção e divulgação deste vinho tão característico.

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Há que realçar que estes passos, conquistas e vitórias só foram possíveis também com a adesão de Ourém à AMPV, entidade importante no apoio que deu à sua certificação, apesar de estar entre municípios gigantes no mundo dos vinhos portugueses.

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Ainda vale a pena investir no vinho? “É nobre beber-se vinho, vê-se no cinema”, salienta. “Só nós aqui, devido à imagem da taberna, não temos essa ideia”. A produção pode estar um pouco abandonada, mas o responsável acredita no seu regresso. (Hélder Miguel)

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A certificação do vinho “palhete” é “um grande trunfo” para a região, no qual se deve apostar, salienta. Hoje, ao contrário de há cinco ou 10 anos, as pessoas já possuem uma “linha de rumo” que possibilita que a tradição não se perca.

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Procure este estilo de vinho. Um vinho muito gastronómico, especialmente indicado para acompanhar entradas, salsicharia, fumados, alguns pratos de peixes gordos e carnes de bom tempero.