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Das abas da Serra de Montejunto, para Noroeste, na direcção de e até Óbidos, estende-se uma numerosa sucessão de colinas e outeiros, cobertos por uma “manta de retalhos” onde a vinha assume posição dominante.

É neste cenário que se desenvolve a zona vitivinícola de Óbidos, onde a dominância da vinha é francamente notória a partir do início do século XX.
A sua presença é contudo referenciada desde os tempos da fundação da nacionalidade, quer em cartas de foral, quer no direito da aplicação do privilégio do “relego”, ou ainda em contratos onde o vinho era o tributo do benefício concedido ao direito de plantar uma vinha.

Ainda que os vinhos da região tenham sempre sido considerados como “vinhos de bom lote”, foram os vinhos das Gaeiras os que atingiram maior nomeada, em particular os da Casa das Gaeiras, propriedade adquirida em 1790 por um médico da Universidade de Coimbra, chamado para atender a saúde de Sua Majestade D. João VI, a banhos nas termas das Caldas.

Comercializada a produção no final da primeira metade do século XX em garrafa tipo renana, atingiu a marca notoriedade, ombreando no prestígio dos poucos vinhos engarrafados da época com o Quinta das Cerejeiras, do vizinho concelho do Bombarral.

O movimento de reconhecimento dos vinhos de qualidade que se seguiu á publicação da Lei das Regiões Demarcadas, em 1985, passou a contemplar uma área mais ampla, tendo adoptado um nome já sobejamente conhecido e de forte impacto nos meios turísticos como é o da simpática e acolhedora Vila de Óbidos.

Com uma área geográfica distribuída por parte dos concelhos de Bombarral, Cadaval, Caldas da Rainha e Óbidos, ocupando solos de textura franca a argilosa de calcários pardos e vermelhos, dando destaque entre as castas à Vital e Trincadeiro – nome porque é conhecido o Castelão na região – a vinha ocupa cerca de B, produzindo em média 350 mil hectolitros de vinho.

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A produção de vinho com denominação de origem é reduzida, estando para esse efeito apenas cadastrada uma área de 178 hectares.
Do restante, maioritariamente vinho branco, assume posição relevante dentro do vinho regional o vinho leve, não podendo deixar de se ter também presente a tradicional produção de aguardentes, embora na actualidade com uma posição bastante inferior à de décadas anteriores.
Os vinhos brancos na generalidade são citrinos, frescos, aromáticos, equilibrados, atingindo alguns certa distinção. Os tintos são tradicionalmente abertos de cor, frutados, pouco encorpados, à excepção dos provenientes de vinhas de encostas soalheiras, com um corpo e uma estrutura bastante agradável.