No Dão, o vinho resulta do amor entre os homens e a terra.

Dão é nome de rio e da região que se espalha por vertentes de suave ondulação, de cor verde e dourado por vontade do sol e onde o vinho, como nos amores antigos, nasce há muito tempo. Por exemplo, o Infante Dom Henrique levou-o nas caravelas para Ceuta, em 1415 onde com ele
celebravam a vitória.

No Dão o vinho corre nas veias da terra e a terra corre no coração dos homens. A sua nobreza resulta na dedicação apaixonada do seu povo, que vai do lagar de pedra aos computadores. Sem essa relação profunda não há vinho. E é tão forte, que irmana o fidalgo como modesto camponês na mesma linguagem e na mesma sabedoria.

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A região Demarcada do Dão merece ser visitada com atenção. Não é nenhuma modernice: foi instituída em 1908. Primeiro, porque as vinhas estão escondidas pelos pinheiros, pelas giestas, pelos silvados, atrás de um muro. Sentados num automóvel, ficamos a cerca de um metro do solo.
Vemos muito pouco ou nada. Há que partir à descoberta: encontrar os homens, pisar a terra e respirar a magia de uma adega. Depois, não há duas
quintas iguais e cada uma é um universo definido. Aliás, só em segredo se produz uma obra-prima: o vinho do Dão.

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A região Demarcada do Dão é maior do que a geografia: gente determinada, paisagem irresistível, tradição e modernidade, culturas milenares,
gastronomia soberba, a identidade portuguesa, um coração aberto do tamanho do Mundo e um vinho com uma personalidade única no Mundo.

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A natureza conferiu à Região Demarcada do Dão um conjunto de felizes coincidências geográficas. Entre zonas profundamente montanhosas, convivem vales com colinas e declives suaves e arredondados.

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O clima, não obstante ser temperado, é frio e chuvoso no Inverno e muito quente e seco no Verão. Encontram-se, assim, reunidas as condições únicas
para a produção de vinhos sem igual.

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A Região do Dão – com uma superfície geográfica de cerca de 376 000 hectares – estende-se pelos municípios de Arganil, Oliveira do Hospital e Tábua do Distrito de Coimbra; Aguiar da Beira, Fornos de Algodres, Gouveia e Seia do Distrito da Guarda; Carregal do Sal, Mangualde, Mortágua, Nelas, Penalva do Castelo, Santa Comba Dão, Sátão,
Tondela e Viseu do Distrito de Viseu.

A produção dos vinhos da Região está subordinada às condições meteorológicas verificadas anualmente. Assim dos 500 000 hectolitros de vinhos produzidos em anos normais, apenas 250.000 a 300.000 são susceptíveis de Denominação Dão, repartidos percentualmente e aproximadamente por Adegas Cooperativas, Centros de Vinificação,
Produtores-Engarrafadores e Produtores-Vinificadores.

Os vinhedos que dão origem aos vinhos do Dão estão implantados em terrenos graníticos geralmente de fraca fertilidade. Os diversos
afloramentos xistosos aparecem principalmente a sul e a poente da Região, numa zona considerada marginal em termos vinícolas.

Os vinhos do Dão são o exemplo perfeito da união entre tradição e modernidade. Só numa região onde o passado e o futuro se completam, é possível encontrar infra-estruturas tecnologicamente
avançadas nas tradicionais Adegas Cooperativas e Centros de Vinificação. E assim nascem vinhos de qualidade e tipicidade notáveis, fruto de uma relação única e muito especial entre os homens e a sua terra.

Diz o povo que é muito vulgar o Verão passar férias no Inverno e o Inverno passear-se pelo Verão dentro.

História

Impossível determinar com exactidão a origem e o início da cultura da vinha na região que actualmente tem a designação de Dão.

Certo é que a história do vinho na região é milenar e que praticamente desde os remotos anos da Nacionalidade, século XII, o vinho tem no Dão um valor e uma importância reconhecidos.
Um valor comercial, naturalmente, e uma importância daí resultante na economia regional. No entanto, foram precisos quase oitocentos anos para
regulamentar a cultura da vinha e do vinho. O primeiro passo deu-o Sebastião José de Carvalho Melo, o Marquês de Pombal, com a criação da Região Demarcada do Douro, a primeira do país, no século XVIII. E só em 1908, com a Carta de Lei de 18 de Setembro, foi formalmente reconhecida a Região Demarcada do Dão que em 1910 teria finalmente um regulamento para a produção e comercialização dos
seus vinhos.

Por coincidência, apenas, mas pode dizer-se então que a Região é tão antiga quanto a República, até um pouco mais, já que data de 25 de Maio de 1910 o Decreto regulamentador.

Com o Estado Novo, a região passou a ter uma nova entidade responsável e reguladora, a União Vinícola do Dão, também conhecida por Adega do
Dão. Entre 1936 e 1942, quando foi criada a Federação dos Vinicultores do Dão.
Não foram os melhores anos. O sector esteve durante décadas praticamente entregue ao monopólio das adegas cooperativas e estas mais
interessadas em produzir quantidade que em desenvolver acções para melhorar a qualidade do vinho.

A estrutura fundiária da região foi e continua a ser de minifúndio, logo milhares de produtores de uvas mas dependentes das estruturas cooperativas. Com a Revolução de Abril de 1974 finalmente a
liberalização chegou ao Dão. E com ela a modernidade, novas técnicas, novos agentes, ideias novas. As empresas e produtores particulares deram
ao Dão uma nova imagem e despertaram a região para a necessidade valorizar a qualidade para garantir nome e competitividade num sector
complexo e difícil como é o do vinho. Foi, ainda assim, uma resposta tardia, comparada com a realidade de outras regiões, mas decisiva para a
afirmação, nacional e internacional, da designação DÃO, indiscutivelmente associada na actualidade à lista das grandes e melhores zonas vinícolas de
todo o Mundo.

Entre montanhas e vales,delimitada pelas Serras da Estrela, Caramulo, Lousã, Buçaco, Nave e Açor, cruzada por alguns dos rios mais emblemáticos e limpos de Portugal: o Mondego, o Vouga, o Paiva e,
, o Dão, centro da região e que lhe emprestou a designação oficial.
Uma zona planáltica, de pisagens encantadoras, casas nobres e palácios, vinhas e adegas a transbordar de História e de histórias, gente
hospitaleira.
Dela fazem parte os concelhos de Mangualde, Nelas, Penalva do Castelo, Sátão, Tondela, Carregal do Sal, Mortágua, Santa Comba Dão e Viseu, em
parte, todos estes do distrito de Viseu; Seia, Gouveia, Fornos de Algodres e Aguiar da Beira, do distrito da Guarda; e Tábua, Arganil e Oliveira do Hospital, do distrito de Coimbra.
Dentro da região estão identificadas seis sub-regiões: Alva, Besteiros, Serra da Estrela, Silgueiros, Terras de Azurara e Terras de Senhorim. O acidentado do relevo, que protege os vinhedos da
influência marítima, o clima, rigoroso no Inverno, com frio e chuva, quente e seco nos meses de Verão, a exposição dos terrenos à luz solar, são factores que conduzem à produção de uvas de elevada qualidade, massas vinícas excelentes, vinhos de excepção.

A produção média anual ronda os 50 milhões de litros de vinho, predominantemente tintos.
Os solos no norte e centro da região são de origem granítica, pobres, e ao sul, xistosos. O clima é quente e seco no Verão, no Inverno frio e
chuvoso.

SUB-REGIÕES
Em função de um conjunto de factores – clima, tipo
de solos, altitude, etc. – a região está dividida em
várias sub-regiões:
Sub-Região Alva
– concelhos de Oliveira do Hospital e Tábua
Sub-Região Besteiros
– concelhos de Mortágua, Santa Comba Dão e Tondela
Sub-Região Castendo
– concelhos de Penalva do Castelo e Sátão
Sub-Região Serra da Estrela
– concelhos de Gouveia e Seia
Sub-Região Silgueiros
– concelho de Viseu
Sub-Região Terras de Azurara
– concelho de Mangualde
Sub-Região Terras de Senhorim
– concelhos de Carregal do Sal e Nelas.

No entanto, a Região do Dão deve sempre ser entendida como uma unidade, e não só do ponto de vista administrativo.
Essa unidade começa na produção e, apesar das diferenças que justificam cada uma das sub-regiões, os vinhos do Dão conservam em toda a área as
características que lhe conferem uma identidade própria.

OS VINHOS
Os tintos são cintilantes, de cor rubi, encorpados, de aroma e sabor delicados. Com o envelhecimento tornam-se suaves e aveludados.
Os brancos, de cor amarela citrina, aroma suave e sabor frutado, são leves e frescos.
Mas, como acontece em qualquer outra região com Denominação de Origem Controlada, nem todas as castas permitem o fabrico de vinhos do Dão.
Na região, as castas recomendadas são:
Tintas
Alfrocheiro, Alvarelhão, Aragonez (Tinta Roriz), Bastardo, Jaen, Rufete, Tinto Cão, Touriga Nacional e Trincadeira (Tinta Amarela).
Brancas
Barcelo, Bical, Cercial, Encruzado, Malvasia Fina, Rabo de Ovelha, Terrantez, Uva Cão e Verdelho.

Podem utilizar a denominação DOC, associada ou não às menções NOBRE, NOVO e CLARETE, os vinhos tranquilos (brancos, rosados e tintos) e
também os vinhos espumantes de qualidade. No entanto, antes de serem comercializados os vinhos DOC DÃO devem passar por um período de
estágio, cuja duração varia de acordo com a menção utilizada.

DÃO NOBRE
Quanto à menção NOBRE apenas poderá ser utilizada nos anos em que a qualidade da colheita seja oficialmente reconhecida.
O estágio obrigatório para este tipo de vinho pode chegar aos quatro anos, no caso de um DOC DÃO NOBRE GARRAFEIRA.
Por outro lado, para a produção de um NOBRE há limitações quanto às castas a utilizar.
Tintas
Touriga Nacional, num mínimo de 15%, Alfrocheiro, Aragonez (Tinta Roriz), Jaen e Rufete, no conjunto ou em separado, até 85%
Brancas
Encruzado, num mínimo de 15%, Bical, Cercial, Malvasia Fina e Verdelho, no conjunto ou em separado, até 85%.
Gastronomia Tradicional

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Vitela assada com arroz de forno;
Cabrito assado;
Rojões com morcela e bauus cozidas;
Rancho à moda de Viseu;
Entrecosto com grelos e chouriço caseiro;
Arroz de feijão;
Arroz de carqueja;
Bacalhau à lagareiro;
Trutas de escabeche;
Bacalhau assado na brasa;
Cabrito da Gralheira
Maçã da Beira Alta
Maçã de Bravo de Esmolfe
Queijo Serra da Estrela
Vitela de Lafões

Casunhas de ovos de Viseu;
Doces de ovos de Viseu;
Lampreia de ovos;
Pão-de-ló;
Leite creme;
Arroz doce