insigniaCasa Agrícola Brum, Lda
Canada do Caldeira
Praia da Vitória
9760-054 BISCOITOS

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“ESPAÇO AÇORES” EM LISBOA

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História do vinho dos Biscoitos (Ilha Terceira, Açores, Portugal)

Biscoitos é a freguesia mais a Norte da Ilha Terceira, uma das principais do Arquipélago dos Açores, situado no Oceano Atlântico, entre a Europa e o Continente Norte Americano. Tem uma extensão de 3 km entre as freguesias de Quatro Ribeiras e dos Altares.

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A área geográfica correspondente à Indicação de Proveniência Regulamentada “Biscoitos” abrange, no concelho da Praia da Vitória, a freguesia dos Biscoitos, em áreas de altitude igual ou inferior a 100m.

A data exacta da fundação da freguesia dos Biscoitos é uma incógnita pois não existem documentos que a confirmem, mas por tradição, sabe-se que se encontra entre as mais antigas da Ilha e que era pertença de duas famílias nobres: Cantos e Pamplonas, sendo esta última espanhola que viera fugida para Portugal na altura da colonização desta Ilha. Na época de Pero Enes do Canto os Biscoitos eram um morgado, designado Biscoito Gordo, pelo facto da sua terra ser muito fértil ou ainda, Materramenta, pelo facto de ter sido um homem com esta alcunha o seu primeiro dono. Nessa altura, toda a terra estava cultivada de vinhas e pomares. Passados cento e vinte e cinco anos, os Biscoitos eram o lugar de vinha mais extenso em toda a Ilha onde se produziam bons vinhos e aguardentes muito apreciadas. O lugar dos Biscoitos apenas seria elevado a freguesia após a morte de Pero Enes do Canto ocorrida em Junho de 1556.
As vinhas, as características curraletas, constituem uma arquitectura rural edificada desde o povoamento da ilha, que tem resistido a todas as intempéries que têm assolado a principal zona vitícola da Terceira.
Cada curraleta tem em média nove covas, também conhecidas por covachos ou caldeiras. Com o afastamento da costa marítima, as curraletas são maiores atingindo por vezes as vinte e mais covas, estando estas à distância de 0.70 m umas das outras.
A plantação dos bacelos nas vinhas é em geral em quadrado tendo a vantagem de distribuir melhor o terreno. O bacelo é, sempre que possível, plantado ao lado da cova, sempre do lado Norte, a fim de a nova planta se proteger dos ventos salgados durante a primavera.
Após a invasão da filoxera, houve a necessidade de utilizar o bacelo americano como porta-enxerto de modo a evitar esta doença nas castas seleccionadas. Esta praga atingiu a Ilha Terceira por volta do ano de 1870. tendo a reconversão das vinhas com os novos bacelos sido efectuada entre 1890 e 1897.

Vinho Verdelho

O Vinho Verdelho dos Biscoitos, pelas suas qualidades, tem sido escolhido desde longa data para fazer parte de ementas do mais alto gabarito.

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Foi prova disso o facto de ter constado na lista de vinhos do jantar de gala, no Palácio de Queluz, que antecedeu o casamento do Duque de Bragança, no V Encontro de Cidades Classificadas Património Mundial, em Évora e na abertura do I Encontro Luso-Brasileiro de Reabilitação Urbana de Centros Históricos, entre outros.

É de referenciar a magnifica garrafa-botija, concebida recentemente, em grés vulcânico (cerâmica feita com barro vulcânico, pedra pomes e caulino, cozida a 1200° C, cujo vidrado é composto de pó de pedra e cinza de madeira) pelo artista Renato Costa e Silva, que assina e numera cada peça.

Esta tiragem de 100 unidades foi cheia de Verdelho de 1991, do ano a seguir ao do 1º centenário da Casa Agrícola Brum e comemora «Um Vinho na Rota dos Descobrimentos Portugueses». O formato é inspirado nas primitivas garrafas da Época dos Descobrimentos.

Grande parte das vinhas da Zona Vitivinícola dos Biscoitos encontra-se instalada em zonas relativamente jovens, formada na sua grande maioria por derrames lávicos e escórias vulcânicas, sendo designadas localmente por «Lagidos» e «Biscoito», respectivamente.

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Nos Biscoitos a vinha encontra-se instalada em duas situações distintas, e, obviamente, em dois tipos de solos. Predominam os solos de «Biscoito», incluindo na sua maioria Litossolos e Solos Litólicos. Apesar de se tratarem de solos muito incipientes, as covas onde se encontram plantadas as cepas apresentam um teor relativamente elevado em matéria orgânica. O pH é ácido, pelo que se justificaria uma correcção mineral. De referir que é prática corrente a sideração à base de tremoço.

No que se refere ao P, apresentam valores elevados (no método de Olsen 20ppm representa um valor médio), pelo que a aplicação deste nutriente não requer grandes cuidados. A adubação potássica não deve ser descurada, apesar dos teores elevados, pois como sabemos, este elemento desempenha um papel importante na fisiologia da videira.

Em relação às adubações azotadas, devemos ter presente que, quando em excesso, podem originar graves danos, especialmente quando não acompanhadas com adubações equilibradas de outros nutrientes, nomeadamente o K (Champagnol, F., 1984)

SISTEMA DE CULTUTA TRADICIONAL

A vinha ocupa os solos com fraca aptidão cultural, sendo na sua maioria Litossolos e Solos Litólicos, caracterizados por serem solos pouco espessos, com reduzida capacidade de retenção de humidade, derivados da alteração de materiais consolidados, em especial materiais escoreáceos e derrames lávicos.

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Quando os solos são pouco evoluídos (Litossolos), abrem-se covas nas fendas dos derrames lávicos, covas estas onde se procede à plantação dos bacelos. Nos solos mais evoluídos (Solos Litólicos), a sua elevada pedregosidade dificulta as surribas, ou viradas, as quais são feitas durante o Inverno, a uma profundidade que varia entre os 0,60m e 1m, operação esta que está praticamente a ser abandonada.

Na zona dos «Biscoitos» recorreu-se, também, ao uso de solos mais evoluídos, aos quais após a sua cobertura com material pedregoso (empedramento), numa espessura variável entre os 20 e os 50cm, se faz a plantação dos bacelos em caldeiras ou covas de forma circular, com diâmetro médio à volta dos 70cm. A época de plantação vai desde Novembro até Março, sendo os bacelos plantados preferencialmente do lado Norte da cova. O compasso de plantação é algo irregular apresentando, contudo, uma geometria dominante.

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O sistema de condução mais usado neste tipo de vinha é em forma livre, com um tronco curto, (20 a 30cm), cujos braços, em número variável, se encontram distribuídos em todos os sentidos sobre o empedrado. Aplica-se a técnica de poda em vara e talão.

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Este tipo de viticultura enquadra-se na concepção do tipo grego (Castro, 1989), caracterizada por “vinha baixa com as cepas livres” com grande intervenção humana, especialmente na colocação de “estacas”, “tanchão” ou mesmo pedras, com a finalidade de proceder ao levantamento das varas em produção.

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Os terrenos de vinhas, formados por uma ou mais parcelas, são divididas no sentido do seu maior comprimento em «tornas», e estas subdivididas em curraletas, ou currais. As delimitações entre parcelas, tornas e curraletas são feitas à base de muros de pedra (as «travessas»), com espessura variável em função da quantidade e qualidade da pedra disponível. Como se pode compreender, este sistema cultural recorre ao uso de muita mão-de-obra, sendo difícil, ou quase impossível, a sua mecanização. Cada curraleta comporta um número variável de cepas, número este que é condicionado pela respectiva área e fisiografia. A vinha fica como que “enterrada” na curraleta, ao abrigo dos ventos marítimos, principalmente graças ao efeito das travessas (Amaral, 1994).

brumvlqprdvinho1Como já foi anteriormente referido no respeitante aos solos, as curraletas, quando pedologicamente não são constituídas por Litossolos ou Solos Litólicos, são geralmente cobertas com material pedregoso, cujo objectivo se prende, não só com a arrumação da pedra, mas sobretudo com a finalidade de proporcionar um microclima, mais favorável.

Segundo Brum, (1994), a pedra sobrante das viradas era muitas vezes colocada em torreões, que serviam para o feitor, ou o homem mais experiente, controlar melhor os trabalhos culturais.

JOÃO MADRUGA – Professor do Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores diz o seguinte:

vinho3vinho4” Biscoitos, 426 anos de história. Verdelho, fruto do trabalho e da persistência, digno de um povo tão arreigado ao solo vulcânico, tantas vezes regado pelo suor, lágrimas e o próprio sangue.”

A história viva da vinha e do vinho dos Biscoitos e da Ilha, a diferença, o sentir, o viver do povo, o trabalho e a persistência, fazem o Museu do Vinho dos Biscoitos.

O Museu surgiu na abertura das comemorações do centésimo aniversário da Casa Agrícola Brum, no dia 2 de Fevereiro de 1990.

vinho5vinho2As vinhas, as características curraletas, uma arquitectura rural edificada desde o povoamento da ilha, resistiram inalteráveis aos vários cataclismos que têm assolado a principal zona vitícola da Terceira e uma das melhores do Arquipélago. Lutam actualmente, feroz e energicamente, contra um projecto de urbanização que, posto em prática, fará dos Biscoitos, hoje Região Demarcada, um “Carcavelos açoriano.

O Museu do Vinho dos Biscoitos é um verdadeiro pólo didáctico e de animação turística. Vinho é cultura, e pode ser, em qualquer. parte do mundo, cartaz turístico. Aliás, a vinha e o vinho são factores importantes no enquadramento ambiental e turístico da freguesia de Biscoitos da Ilha Terceira.

Durante séculos desenvolveu-se nos Biscoitos e na Ilha Terceira, um verdadeiro artesanato de utensílios ligados à cultura da vinha e do fabrico do vinho, muitos deles reunidos no Museu do Vinho dos Biscoitos. A manutenção destes utensílios é onerosa e envolve o dispêndio de verbas importantes durante todo o ano. O restauro dos edifícios e também de várias peças envolve custos elevados, exigindo não só uma conservação adequada do material, como também, a disponibilidade de pessoal para esta tarefa, assim como a de guiar ou acompanhar os visitantes, que com muita frequência visitam o Museu do Vinho, ascendendo a mais de 11 mil no último ano. Encargo este, que é sem dúvida elevado se tivermos em atenção a necessidade de fixar duas a três pessoas neste sector.

No entanto, sendo este Museu do Vinho, cada vez mais procurado, necessita, como é evidente, da adequada informação do sector Vitivinícola dos Biscoitos, da Ilha e até mesmo dos Açores.

O Museu do Vinho dos Biscoitos tem actualmente ao seu serviço nove pessoas que diariamente, o mantém em condições de estar aberto ao público, cumprindo religiosamente os horários tanto de Verão como de Inverno.

Quatro anos de dedicação a uma instituição cultural e turística, conhecida e apreciada por muitos, desconhecida de alguns e ignorada por outros tantos, merecem a valorização deste projecto.

«Os ignorantes costumam condenar quase tudo aquilo que não entendem».

Segundo A. Sampaio, os Biscoitos, situados a noroeste da Ilha Terceira, assentam sobre pedra lávica, onde são visíveis algumas marcas da última erupção vulcânica, que teve lugar na ilha, no ano de 1761. É uma das freguesias mais antigas, fundada cerca de 1568. Tem uma extensão de três quilómetros entre as Freguesias de Quatro Ribeiras e dos Altares.

A pedra vulcânica e a sua cor, biscoitos por analogia com o pão que levava duas cozeduras a fim de aguentar as longas viagens marítimas, é o território lávico onde a cultura da vinha se iniciou no grupo Central do Arquipélago dos Açores, precisamente com a casta Verdelho.

Nos Biscoitos, os terrenos dificultam as surribas ou viradas, que são feitas durante o Inverno, a uma profundidade que varia entre os 0.60 m e 1 metro, o que nem sempre e possível visto que as covas são muitas vezes abertas junto das rochas não garantindo por isso um “palmo de terra”. Assim, fende-se a camada de rocha não só para permitir o alongamento das raízes através das fendas, mas também para se facilitar a penetração do ar, indispensável à vida das raízes. Este trabalho é hoje raro nos Biscoitos.

Instrumentos utilizados nas viradas: machado, barra, malho, corrente, cunhas, alvião, cesto das viradas.

Uma forma curiosa de arrumar a pedra sobrante das viradas, são os torreões que serviam muitas vezes para o feitor ou o homem mais experiente controlar melhor os trabalhos culturais. Por vezes também era, e ainda é, utilizado como local ideal para afugentar as pombas, os melros, os canários e os pardais, “praga” das uvas.

Instrumentos para afugentar a “praga”: matracas, moinho cata-vento, rodopio.

A pedra vulcânica absorve o calor como se de uma estufa se tratasse e divide o terreno em curraletas. Estas são divididas com pedra solta formando muros de protecção com o nome de travessas. A uma fiada de curraletas dá-se o nome de torna.

Cada curraleta tem em média nove covas, também conhecidas por covachos ou caldeiras. Ao afastarmo-nos da orla marítima, as curraletas são maiores atingindo por vezes as vinte e mais covas, estando estas à distância de 0.70 m umas das outras.

A plantação dos bacelos nas vinhas de “biscoito” ou de “brejo” é em geral em quadrado tendo a vantagem de distribuir melhor o terreno. A época da plantação vai desde Novembro até Março. O bacelo é, sempre que possível, plantado ao lado da cova, sempre do lado Norte, a fim de a nova planta se proteger dos ventos salgados durante a primavera, dando ao mesmo tempo mais espaço para se trabalhar melhor a terra da cova.

Instrumentos utilizados: tesoura de mola, barra, enxada das covas.

Após a invasão do Phyloxero, houve que se utilizar o bacelo americano como porta enxertos, a fim de evitar esta doença nas castas mais seleccionadas. O Phyloxera assentou arraiais na Ilha Terceira cerca do ano de 1870. Como curiosidade, a enxertia teve lugar com a reconversão, entre 1890 e 1897.

Os sistemas de enxertia mais utilizados são o da “cunha” e o do “garfo”, sendo a época mais favorável o período que decorre do primeiro de Fevereiro até fim de Março.

Instrumentos utilizados na enxertia: Tesoura de mola, serrote, faca de enxertia, navalha curta, enxada das covas, cesto de asa, pedra de amolar (fragmento de ardósia dos quadros de escola).

O património vitícola biscoitense é constituído por várias castas, sendo as recomendadas com vista aos vinhos VLQPRD (Vinhos Licorosos de Qualidade Produzidos em Região Determinada) as seguintes: Verdelho Branco e Roxo, Terrantez.

Castas autorizadas: Boal, Malvasia, Sercial, Fernão Pires, Generosa e Galego Dourado.

A vinha desenvolve-se rasteira dentro das curraletas, com uma condução, uma poda por vezes muito longa a fim de tirar o vigor à planta e assim evitar estragos pelos frequentes ventos carregados de sal. São diversos os sistemas de poda adoptados, sendo o da “vara e talão” a mais usada.

Instrumentos usados na poda: tesoura de mola e serrote.

De Dezembro a Março executa-se a cava. Por vezes é rasa, sendo a montes mais frequente nas vinhas tradicionais. A partir de Maio, as vinhas são regularmente sachadas e mondadas quando se encontram suspensas as varas das uvas com uma forquilha, o “tinchão”, ou pela própria pedra.

Instrumentos utilizados na cava: enxada das covas, enxada americana, alvião, enxada d’olho.

Por vezes a vinha aparece em latadas, junto das adegas ou perto das casas com a finalidade de dar sombra, razão da introdução da “vinha de cheiro” nos Açores.

Junto do núcleo principal do Museu do Vinho dos Biscoitos, encontra-se instalado um Campo Ampelográfico, com 23 castas que vegetaram nas nossas Ilhas.

Trabalhos de microvinificação, sinonímias, tipos de poda, etc., poderão ser efectuados por escolas e Universidade, quando acompanhadas por um técnico da especialidade.

Quando o oídio, o míldio e mais tarde o phyloxera chegaram à Ilha Terceira, os Biscoitos tinham como principal riqueza a vinha.

No ano de 1649, segundo Drumond, chegou-se a trocar uma pipa de 550 litros de vinho Verdelho por 5 cavalas e um tostão, o que originou desinteresse. Como curiosidade, no ano de 1993, a mesma quantidade de Verdelho foi vendida logo após a pisa, por 220 mil escudos. No século seguinte voltou-se novamente a plantar vinha nos Biscoitos, só que por volta do ano de 1852, o oídio assentava arraiais na Ilha Terceira: era a guarda avançada dos terríveis flagelos que iam cair sobre os viticultores.

Instrumentos utilizados nos tratamentos fitossanitários: balança, canudo do enxofre, balde de aduelas ou de tábuas, mexedor de pau, luva de malha de aço (descasca das cepas), joeiro e barricas.

O Museu do Vinho dos Biscoitos, labora ainda o Verdelho pelo processo tradicional, com vindimas a terem início na segunda quinzena de Agosto até à primeira semana de Setembro.

Quando as uvas atingem a maturação são colhidas, geralmente por mulheres e estudantes em férias, orientadas por um homem mais experiente. Cada curraleta é vindimada por duas a três mulheres ou homens estando estes cuidando do transporte às costas dos cestos das uvas para o carro.

Instrumentos utilizados na vindima: tesoura de mola, navalha, cesto de asa, cesto de costas, barril de cedro do mato (com água) e cajado.

Conduzidas as uvas ao lagar, entram os homens e também muitos visitantes do Museu, a cortar as uvas a pé descalço – é a pisa. Após o processo de bica aberta (sem balseiro) e depois de ter sofrido trasfegas, o vinho fica em estágio 4 a 5 anos. Duas prensas portuguesas do inicio do século, o lagar e as vasilhas em madeira de carvalho e castanho completam o recheio da adega do Museu.

No piso superior, funciona uma sala etnográfica, onde estão expostos os instrumentos usados em épocas recuadas, nos trabalhos culturais e de vinificação. Em vitrinas documentação referindo-se à vinha e ao vinho na Ilha Terceira e nos Açores.

Este edifício foi construído no ano de 1931 e custou cerca de 22 mil réis.

Junto do núcleo principal do Museu do Vinho dos Biscoitos, encontra-se uma torre ou torreão, construção de 1761, assim como vários pátios, onde se podem ver alguns lagares, uma preocupação em relação à conservação dos mesmos, uma vez se encontrarem, por falta de espaço, no exterior. Lagares de vara, muito rústicos, alguns deles escavados na própria pedra, identificando assim o próprio viticultor.

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Existia também na Ilha o lagar móvel. Como exemplo, refere-se a prensa existente no Museu, de dois fusos, tipo egípcia e que no Sul da Ilha Terceira andava de porta em porta para quem não tivesse prensa, uma vez que as uvas eram pisadas em dornas. Por vezes também se utilizava o lagar do vizinho mais próximo, raramente se pagando algo em troca, ou então deixava-se o engaço para o proprietário do lagar fazer aguardente, caso da freguesia das Cinco Ribeiras.

Peças havia que tinham duas funções. É o caso do lagar que durante o ano lavava a roupa e do peso de lagar de vara que durante os tratamentos fitossanitários da videira servia de dorna.

Tem o Museu uma destilaria composta de dois alambiques, a fogo directo, sendo um do século passado, com as serpentinas em estanho e com a capacidade de 240 litros, e outro de 360 litros. Ambos de fabrico português. Aqui destilavam-se as aguardentes destinadas à beneficiação dos vinhos generosos/licorosos produzidos pela Casa Agrícola Brum. No mesmo edifício encontram-se os depósitos de fermentação do “vinho de cheiro” (híbrido produtor directo), que se destina às festas populares da Terceira e a ser consumido pelos trabalhadores do Museu durante o ano. Este edifício é de 1931 e custou na altura uma verba superior a 4 mil réis. Como curiosidade, a verga da porta custou 30 réis.

NÚCLEO PRINCIPAL DO MUSEU DO VINHO

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Situado na Canada do Caldeiro (devia ser Caldeira), a 50 metros do centro da Freguesia dos Biscoitos, a 18 Km de Angra do Heroísmo e a 22 Km da Praia da Vitória, é uma propriedade de 10 alqueires (para além de mais 60 que englobam a exploração do Verdelho), constituído pelas seguintes secções:

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* Adega do Vinho Verdelho
* Destilaria
* Sala etnográfica
* Sala de provas
* Casa típica (engarrafamento do Verdelho do Museu)
* Casa típica (sede da Confraria do Vinho Verdelho dos Biscoitos)
* Campo ampelográfico
* Latada
* Vários pátios
* Torre
* Em recuperação: Eira e palheiro e o 2º piso do edifício da sala de provas.
Relevância Cultural

Atendendo à importância que a cultura do vinho nos Açores teve, e continua a ter, o Governo Regional dos Açores criou, enquadrado na categoria de Museu Regional, o Museu do Vinho, na Vila da Madalena, ilha do Pico, sedeado na Casa Conventual dos Carmelitas, onde estão em exposição os aspectos culturais mais relevantes relacionados com a cultura do vinho nesta ilha.

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Se o vinho do Pico foi o dos Czares, o dos Biscoitos, no séc. XVI, foi o vinho das Caravelas da rota das Índias e das Especiarias. Entre os produtos essenciais ao abastecimento das armadas figurava o vinho “Verdelho”. Nessa época, e ainda hoje, a maior mancha de biscoito na ilha Terceira, fica na freguesia, denominada de “Paroquial de S. Pedro do Porto da Cruz” e, também do Sr. S. Pedro do Porto da Cruz, onde morava Pero Enes do Canto, que mais tarde é designado Provedor das Armadas.

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Em 1853, com o aparecimento do “burril”, Uncinula nector(Svhw) a produção de vinho verdelho na ilha Terceira e nas restantes ilhas começou a decrescer bruscamente, não chegando para o consumo local.

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Os viticultores nada puderam fazer para impedir esta doença criptogâmica. Em 1870, uma nova praga, pelo afídeo Phylloxera vastatrix, atacou as vinhas destruindo-as de forma drástica.

Graças ao espírito de iniciativa, Francisco Maria Brum, em 1890, fundou a primeira Adega Regional do seu tempo. Os resultados dos testes iniciais foram satisfatórios e a produção galopante. Em 1901, a produção traduziu-se em três potes de vinho de verdelho, no ano seguinte numa pipa. Em 1903, foram 6 pipas e meia; no ano seguinte, 11 pipas.

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Nos Biscoitos, ilha Terceira, o vinho de qualidade é o de Verdelho que pode ser de mesa, regional ou licoroso (IPR). Actualmente, a nível da Região Autónoma dos Açores, o vinho de Verdelho dos Biscoitos licoroso tem um lugar privilegiado, a tal ponto que muitas recepções oficiais incluem um “Biscoitos de Honra”. Também tem tido assento nalguns acontecimentos solenes a nível Nacional. No Palácio de Sant’Ana no Jantar oferecido aos Reis de Espanha brindaram-no com o Vinho de Verdelho Licoroso Seco Chico Maria da Casa Agrícola Brum. No Palácio de Queluz aquando do jantar de gala que antecedeu o casamento do Duques de Bragança, o vinho licoroso da Casa Agrícola Brum esteve também presente.

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Em 1993 começam a aparecer vinhos de mesa com qualidade. O Dec.-lei de 25 de Janeiro de 1994, cria as Zonas Vitivinícolas, dos Biscoitos, da Graciosa e do Pico. Estas zonas permitem o fomento e a protecção das castas tradicionais mais importantes, de modo a incrementar a genuinidade e a qualidade dos vinhos brancos. Segundo esse decreto a região dos Biscoitos foi demarcada para a produção de vinho licoroso de qualidade produzido em região determinada (VLQPRD) assim como a do Pico. A da Graciosa para a produção de VQPRD. As castas recomendadas para VLQPRD dos Biscoitos são Verdelho, Arinto e Terrantés. Como castas autorizadas, Boal, Malvasia, Sercial, Fernão Pires, Generosa e Galego-Dourado.

A categoria de Vinho Regional dos Açores foi criada em 2005. Outro acontecimento muito significativo para o vinho dos Biscoitos teve lugar em 1990, aquando do centenário da Casa Agrícola Brum, com a criação do Museu do Vinho, que tem desempenhado um papel muito significativo na divulgação da História Vitivinícola Regional e Enoturismo. Em, 1993, foi fundada a Confraria do Vinho Verdelho dos Biscoitos, com sede no Museu do Vinho. Esta tem como lema a defesa, promoção, valorização e divulgação do vinho verdelho dos Biscoitos e do vinho de qualidade dos Açores.

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Em Novembro de 1996, foram certificados IPR o VLQPRD da Casa Agrícola Brum, com a marca Brum e o VLQPRD da Cooperativa Vitivinícola da Ilha do Pico, com a marca Lagido. Em Junho desse ano havia também sido certificado o primeiro VQPRD dos Açores, com a marca Pedras Brancas, da Adega Cooperativa da Graciosa.
Esta Ilha recebeu gado, por ordem do infante D. Henrique e, em meados do século XV, já tinha colonizadores, tendo sido Vasco Gil Sodré, natural de Montemor-o-Velho, acompanhado pela família e criados, o pioneiro e desbravador da Ilha. Dedicando-se desde o início à agricultura e ao plantio da vinha, a Graciosa exporta já no século XVI, trigo, cevada, vinho e aguardente. O vinho foi, ao longo de muitos anos, elemento de reconhecida riqueza económica. Em 1836 (segundo Félix José da Costa em História da Ilha Graciosa), a Graciosa produziu 6.000 pipas de vinho. Em 1938, a área dedicada à cultura da vinha era o correspondente a cerca de um terço da superfície cultivada, ocupando o Verdelho uma significativa faixa.

BIBLIOGRAFIA:

DRUMOND, Francisco Ferreira -Anais da Ilha Terceira. Vol. II,

SAMPAIO, Alfredo da Silva – Memória Histórica da Ilha Terceira, p. 299

(Comunicação apresentada no 1º Encontro das Instituições Museológicas dos Açores, P.D. 23-3-1994)

FONTES: Casa Agrícola Brum, Canalaçores, Açoreano Ocidental