A Ilha do Pico é dividida administrativamente por 3 concelhos: Lages do Pico, Madalena e São Roque do Pico.

LAGES DO PICO

 

Povoamento e organização do território
 
O primeiro local de povoamento da ilha do Pico foi junto ao Penedo Negro, na enseada do Castelete, ao Sul da actual vila das Lajes, um pouco antes de 1460.

A violência do mar permitiu apenas que pusesse pé em terra firme o navegador Fernando Álvares Evangelho.

Nas novas terras ele e o seu cão viveram cerca de um ano, junto da Ribeira, à saída da vila – durante muitos anos conhecida por Ribeira Fernando Álvares (ainda hoje se conservam as ruínas da casa que então lá construiu).

Quando os companheiros de Fernando Álvares regressaram ao Pico, desembarcaram em Santa Cruz das Ribeiras. Alguns ficaram por aqui, como Jordão Álvares Caralta. Outros no sítio da Maré, junto ao local do primeiro desembarque. Além das suas habitações, edificaram ali a Ermida de S. Pedro (ainda existente), onde foi pároco da ilha, o primeiro, Frei Pedro Gigante (considerado por alguns historiadores o introdutor da casta Verdelho).

Álvaro de Ornelas foi o primeiro Capitão-Donatário nomeado para a ilha do Pico mas nunca chegou a tomar posse. Jôs d’Utra (Jobst de Van Huertere, de origem flamenga) já Capitão-Donatário do Faial, tomou a seu cargo em 1482 a Capitania do Pico.

A Vila das Lajes, tal como acontece com outras vilas do Arquipélago dos Açores, não tem foral. Em 1500, terá a primeira câmara das Lajes tido já uma vereação de “homens bons”.

Por um alvará de 14 de Maio de 1501, o Capitão Jôs d’Utra conferiu poder e autoridade a Fernando Álvares para dar licenças diversas aos povoadores. Lajes foi o primeiro concelho da do Pico e até 1542 foi-o de toda a ilha (a casa da câmara, situada na praça que hoje tem a igreja Matriz, já existia em 1503).

Um cálculo realizado por Lacerda Machado a partir do Espelho Cristalino aponta para 250 habitantes na ilha em 1506. A vida e os modos de a organizar corriam o seu normal curso na segunda maior ilha do arquipélago.

Em 1540, o concelho das Lajes (toda a ilha) contava já com as freguesias de Santa Bárbara (Ribeiras), Santíssima Trindade (Lajes), São Mateus, Santa Maria Madalena, São Roque e Nossa Senhora da Ajuda.

Em 1542, foi criado por D. João III o Concelho de Vila Nova de São Roque, com as freguesias de São Roque (sede), Nossa Senhora da Ajuda e Madalena. Em princípios de 1543 procedeu-se à eleição da câmara do novo município.

Em 8 de Março de 1723 criou-se o Concelho da Madalena, com as freguesias de Madalena (Vila), Bandeiras, e São Mateus. Extinto em 1895, foi restaurado por Decreto de 13 de Janeiro de 1898.

A partir de então o Concelho das Lajes do Pico ficou constituído pelas freguesias de São João, Lajes do Pico (Santíssima Trindade), Calheta de Nesquim e Piedade. Em 1980, por Decreto da Assembleia Regional, nº 24/80/A, de 15 de Setembro, foi criada a freguesia da Ribeirinha, desanexando-se o respectivo território da freguesia da Piedade.

Desenvolvimento: a terra e o mar
 
«Já quando os homens chegaram pela primeira vez à Ilha, a encontraram rasa de pedra, que fora fogo vomitado pelos vulcões: pedras colossais, amontoadas a esmo, à semelhança das que se vêem soltas por cima dos calhaus e dos penhascos da costa (…). – Mas os desgraçados ergueram a fronte. Eram homens (…). Estarraçaram, escavacaram, removeram pedra, abriram caminhos – e a terra começou a surgir!»
(Dias de Melo, Pedras negras (romance), 1964 (edição de 2003, pg. 29)


 
Nos primeiros tempos do povoamento a actividade económica baseou-se na cultura do trigo e do pastel (planta tintureira). Ainda no século XVI começa a ganhar relevo a cultura da vinha, em particular de casta verdelho, beneficiada pelos solos de origem vulcânica e pelas condições climatéricas. Durante séculos a produção vitivinícola domina outros recursos da terra e do mar. O verdelho do Pico durante mais de 2 centenas de anos teve fama internacional, nomeadamente, Inglaterra, Américas e Rússia, onde terá chegado à mesa dos czares. Em meados do século XIX o ataque do oídio destruiu as vinhas e originou o seu progressivo declínio. A aprovação pela UNESCO, em Julho de 2004, da Paisagem Protegida de Interesse Regional da Cultura da Vinha da Ilha do Pico (criada em 1996), como Património Mundial da Humanidade, permitirá, entre outras coisas, proteger o importante património e dinamizar acções que impeçam o desaparecimento deste cultivo único no mundo.
 
«Ali, nas chãs de beira-mar, quase nem existia amostra de terra. Experimentaram meter a vinha por entre o burgalhau, nos interstícios das lajes e dos moledos. Se a camada pedregosa engrossava demasiado, escavavam buracos de quinze a vinte palmos de fundo por sete a dez de boca – e lá muito em baixo plantavam a videira.»
(Dias de Melo, Pedras negras (romance), 1964 (edição de 2003, pg. 30)
 
No século XVIII, duas ordens de factos tiveram uma profunda influência na vida dos picoenses, em particular nos das Lajes: catástrofes naturais (erupções vulcânicas, sismos e ciclones) destruíram terras e colheitas e em boa medida foram a principal razão de muitos homens procurarem outras formas de sustento em terras americanas; a intensificação da caça à baleia, provocada tanto pelos emigrantes de retorno dos EUA, como da afluência das embarcações baleeiras americanas às águas açorianas.
 
Na erupção do Pico dos Cavaleiros, em 1562, a lava esventrou a terra e dessa cesariana nasceu o “mistério” da Prainha. Solos de biscoito encarniçado onde farão a pulso despontar as vides ou estranhas árvores anãs, torcidas como anomalias japonesas. […] Em 1718 outra erupção brutal varre searas, sufoca animais, aterroriza gente, as bocas de fogo abrem da terra e saem do mar arranques de lava. Depois, arrefeceu nos “mistérios” de S. João, Bandeiras e Santa Luzia. Em 1720 nova calamidade, de Julho até Dezembro escorreram sempre cinco cadeias ígneas até ao mar, solidificando outro “mistério”, o da Silveira. No chão, urzela, manto da terra ardida e lava solta. Conta-se que nesta deslocação costa a costa uma faixa permaneceu virgem. Um boi pastou até petrificar a lava, prometido ao Espírito Santo, os elementos respeitaram o que seria mais tarde sopa sagrada de pobres e vizinhos. Agora parece tudo apaziguado.
Fátima Maldonado, Lava de Espera (1996, pgs. 17-8)
 
No século XVI as populações açorianas terão aprendido com os biscainhos o ofício da caça à baleia. A meio do século XIX, tudo se propiciou para a sua intensificação. A terra das Lajes do Pico foi testemunha e protagonista desta saga de séculos. Foi e sempre será a Terra Baleeira.


 
«Um número razoável destes baleeiros provém dos Açores, onde os navios de Nantucket frequentemente fazem escala para aumentar a sua tripulação com os robustos camponeses destas costas rochosas. (…). Não se consegue explicar porquê, mas é dos ilhéus que saem os melhores caçadores de baleias.»
(Herman Melville, Moby Dick (romance), 1851 (edição de 2004, pg. 174)
 

A vinha e o vinho
 
A cultura da vinha está associada aos primeiros tempos do povoamento, nos finais do século XV. O vinho verdelho, a partir da casta do mesmo nome, ganhou reputação mundial ao longo dos séculos. A partir do século XIX são introduzidas novas castas que dão origem a vinhos de mesa tintos e brancos. O modo de cultivo, contra a aspereza dos terrenos vulcânicos quase sem terra vegetal, em currais (áreas muradas de pedra negra, de muito pequena dimensão), marca igualmente esta cultura na Ilha. Prova da sua importância local e mundial é o facto da UNESCO, em Julho de 2004, ter considerado a Paisagem Protegida de Interesse Regional da Cultura da Vinha da Ilha do Pico (criada em 1996), como Património Mundial da Humanidade. Currais, maroiços (amontoados de pedra em forma de pirâmide), vinhas e adegas com seus equipamentos são elementos emblemáticos da vinha e o vinho.

FONTE: C.M. Lages do Pico

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MADALENA

O concelho da Madalena é um dos três em que está administrativamente dividida a Ilha do Pico.

O Pico é a segunda maior ilha da Região Autónoma dos Açores, sendo a maior do grupo Central do arquipélago, formado por nove ilhas situadas em pleno coração do Oceano Atlântico, entre a Europa e a América do Norte (a 760 milhas marítimas de Lisboa e a 2110 de Nova Iorque).

O seu nome tem origem na imponente montanha (o terceiro maior vulcão do Atlântico), que termina num pico cónico, denominado “Pico Pequeno” ou “Piquinho”, o ponto mais alto de Portugal (2351 metros acima do nível do mar).

Raul Brandão, vulto enorme das nossas letras descreve-o admiravelmente e de um modo inigualável:

“O Pico é a mais bela, a mais extraordinária ilha dos Açores, duma beleza que só a ela lhe pertence, duma cor admirável e com um estranho poder de atracção. É mais que uma ilha – é uma estátua erguida até ao céu e moldada pelo fogo – , é outro Adamastor como o do cabo das Tormentas”.

RAUL BRANDÃO, “As Ilhas Desconhecidas” (1926)

O concelho da Madalena, situado no extremo ocidental da ilha do Pico, abrange uma área aproximada de 149,1 quilómetros quadrados, distribuída pelas seis freguesias que o constituem: Bandeiras, Madalena, Criação Velha, Candelária, São Mateus e São Caetano.

A Madalena, pela sua posição geográfica frente ao Faial e à cidade da Horta, distando desta cerca de 7,5 Km, é o eixo principal das comunicações da ilha, posição que a torna uma privilegiada porta de entrada para apreciar tudo o que se oferece a quem nos visita.

Verdadeiros “ex-libris”, fronteiros à vila, estão os curiosos ilhéus Deitado e em Pé, onde nidificam aves marinhas. Estes apresentam-se fortemente degradados pela acção erosiva marinha, constituindo os resquícios de um cone vulcânico associado a erupções submarinas.

Dadas as suas características geológicas e a natureza vulcânica dos seus solos, a economia deste concelho assenta essencialmente na agricultura, na pecuária e na pesca.

No entanto, perante os novos desafios impostos pela sociedade moderna, outras actividades se desenvolveram, contribuindo fortemente para a economia do concelho da Madalena, designadamente nas áreas do comércio, turismo e serviços.

A base da sua agricultura é composta por campos de frutos e de vinhas, sem paralelo noutras regiões do país e do mundo.

 O conjunto de “currais” e “canadas” em que são divididos os terrenos de cultivo da vinha é uma organização no espaço feita através de um retículo de muros negros, integrando protecções paralelas de paredes singelas ou dobradas em pedra, e constituindo particular e peculiar paisagem, considerada, em meados de 2004, “Património da Humanidade” pela UNESCO.

Nas cotas acima da área ocupada com a cultura da vinha, surgiam outras produções agrícolas, onde o solo se apresentava muito pedregoso. Ao proceder-se à sua limpeza para o cultivo, e na sequência da remoção das pedras soltas de pequenas dimensões, não podendo ser arrumadas em muros de delimitação por serem excessivas, apareceram, desta forma, os “maroiços”.

A pedra era disposta em camadas , formando degraus, que, funcionando como rampas, permitiam o carregamento da pedra para níveis sucessivamente superiores .

Estes “maroiços”, arquitectonicamente construídos de formas grosseiramente cónicas, piramidais ou alongadas, aparecem dispersos na paisagem, mas sempre com uma presença forte e marcante.

O Museu do Vinho, estrutura integrante do Museu Regional do Pico, é polo de divulgação cultural e local privilegiado, ocupando uma considerável área contínua e constituindo uma parcela da enorme propriedade pertencente à ordem religiosa do Carmo, que inclui a sua residência de apoio e as instalações onde se processavam as tarefas da vinificação.

Com efeito, foram os Jesuítas e os Carmelitas que trouxeram e criaram condições favoráveis ao desenvolvimento dos bacelos, aperfeiçoando a fórmula de mistura das diversas castas responsáveis pelo néctar generoso, conhecido através dos tempos por ” verdelho” por ser essa a base do seu fabrico.

Destaca-se, no espaço envolvente do Museu do Vinho, o mais importante conjunto de dragoeiros que se conhece no mundo, sendo que essa majestosa árvore ornamental, de diversas aplicações práticas, é uma espécie em vias de desaparecimento e que aqui encontrou um microclima especial e altamente propício à sua multiplicação expontânea.

Por todo o concelho aparecem três tipos edifícios de apoio à actividade vitivinícola: adegas, armazéns e lagares – todos eles construções simples com os mesmos materiais (pedra de basalto, madeira e cobertura de telha de canudo).

Ainda se encontram em todas as freguesias alguns poços de maré que constituíam estruturas fundamentais para o abastecimento de água às explorações.

Normalmente em forma rectangular, protegidos no nível superior por pedras aparelhadas que se interligam por encaixe.

Ao lado da riqueza da produção vínica, a inaptidão de muitos dos solos da área do concelho apenas admite a exploração de madeira e corte de lenha. Porém na labuta imensa e árduo trabalho de desbravamento de terras com modernas máquinas, hoje, existem parcelas de terreno de pastagem onde se cria o gado bovino, base de sustento de muitas famílias do concelho, quer da venda da carne, quer do leite, sendo que surgiram pequenas unidades familiares de produção, onde se fabrica o típico e saboroso queijo da ilha do Pico.

A dureza e a pouca produtividade da terra suscitou a atracção do povo ilhéu pelo mar que emoldura e singulariza o seu quotidiano, levando a que a exploração marítima adquirisse um pendor de indispensável complemento de sobrevivência, também para os madalenenses, seja no desenvolvimento dos transportes marítimos, seja na vertente das pescas.

A beleza natural, o ambiente calmo, o exotismo e a autenticidade da nossa terra potenciaram as actividades do turismo como sendo o sector que mais se tem desenvolvido nos últimos tempos, motivando o aparecimento de novos hotéis, restaurantes, discotecas e bares, e, consequentemente, o incremento de novos projectos e serviços no âmbito do ecoturismo, turismo rural e náutico. Nesta vertente merecem destaque os passeios de barco, a observação de cetáceos e o mergulho, todas elas, também, actividades responsáveis pelo crescimento económico progressivo do concelho.

A criação do concelho da Madalena coincide com o desenvolvimento da viticultura e com a produção muito abundante de vinho.

Assim, no primeiro quartel de setecentos, resultando da revolução da vinha que motiva riqueza, aumento populacional e desejo de emancipação destas gentes, é criado o município madalenense por carta régia de D. João V, no dia 8 de Março de 1723, com a elevação da freguesia da Madalena a vila e sede de concelho, dando origem ao mais jovem concelho da ilha do Pico.

FONTE: C.M. Madalena

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SÃO ROQUE DO PICO

 

O lugar de São Roque recebeu o foral de Vila a 10 de Novembro de 1542 pela mão de El-Rey Dom Johan III , onde consta “ Eu de meu moto proprio faço ho lugar de Sam Roque vylla e ey por bem que daquy em diante pera sempre seja e se chame vylla nova de Sam Roque… ”

Situado em pleno Oceano Atlântico, a 760 milhas marítimas de Lisboa e 2110 de Nova Iorque, o Arquipélago dos Açores, Região Autónoma de Portugal, é o ponto mais ocidental da Europa.

Constituído por nove ilhas, o arquipélago está dividido em três grupos: Oriental – ilhas de São Miguel e Santa Maria, o Ocidental – ilhas do Corvo e Flores e o Central que abrange as ilhas Terceira, Graciosa e o triângulo São Jorge, Faial e Pico.

A “ilha montanha”, situada no sentido noroeste – sudeste, a 28º 20′ de longitude e 38º 30′ de latitude norte, a 4,5 milhas do Faial e 11 milhas de Jão Jorge, tem uma superfície de 447 m2, 42 km de comprimento e 15,2 km de largura, repartidos por três concelhos – Lages, Madalena e São Roque, nosso município. Com cinco freguesias: Santa Luzia, Santo António, São Roque, Prainha e Santo Amaro, este abrange uma comunidade total de 3629 habitantes (censos 2001).

Foi em 1542 que o “lugar de Sam Roque do Pico” recebeu o foral de Vila.

A vida dos seus habitantes decorria sem sobressaltos, dedicada ao cultivo e exportação de trigo e pastel.

Viver tranquilo interrompido apenas pelas erupções vulcânicas que, desde o século XVI, alteraram a paisagem do concelho, dando origem a curiosas formações rochosas, marcadas por grandes extensões de lava negra, a que o povo deu o nome de “mistérios”.

Nos finais do séc. XVIII chegaram às águas açorianas os baleeiros americanos, que aqui vinham abastecer víveres e recrutar arpoadores entre a população local.

 Esta circunstância introduziu no arquipélago a caça ao cachalote, chegando a transformação industrial deste cetáceo a constituir uma das principais actividades económicas durante cerca de duzentos anos.

Com efeito, o já antigo porto comercial do Cais do Pico esteve intimamente ligado à actividade baleeira, de que temos prova no museu da antiga Fábrica da Baleia.

Por esta altura os terrenos de lava são arduamente transformados em férteis pomares de laranjeiras, com frutos considerados dos melhores do mundo, e produtivos vinhedos.

O verdelho do Pico chega a atingir fama internacional por mais de dois séculos, estando presente na mesa dos czares da Rússia.

Porém, no séc. XIX, assiste-se ao fim do denominado “ciclo do verdelho”, devido à devastação das vinhas pelo oídio e filoxera.

Facto que levou uma considerável parte da população a imigrar, principalmente para a América do Norte e Brasil.

Hoje, o concelho encontra-se coberto por uma elevada percentagem de floresta, porém o sector primário, principalmente a agricultura, continua a suportar um peso considerável do equilíbrio da economia doméstica.

O sector dos serviços é, no entanto, o que regista maior desenvolvimento.

Todavia, atendendo ao que de melhor o concelho tem para oferecer, o turismo terá de ser uma das grandes apostas do futuro.

Caracterizado pelo negro da rocha vulcânica e por uma vegetação exuberante, São Roque oferece vários pontos dignos de interesse turístico.

A Reserva Natural da Montanha do Pico, montanha mais alta de Portugal, com uma imponente altitude de 2351 m, de cujo cume se pode observar a magnífica paisagem do Pico e ilhas em redor, é uma das zonas naturais mais características de todo o arquipélago.

Em redor as lagoas do Capitão, situada no planalto interior, e do Caiado, no planalto central, integrada num núcleo de pequenas lagoas, completam a beleza deste lugar repleto de vegetação endémica.

Os mistérios da Prainha e de Santa Luzia, o primeiro resultado de uma erupção vulcânica do século XVI e o segundo da erupção de 1718, quando as lavas expelidas atingiram uma distância de cerca de nove quilómetros até atingirem o mar entre o porto do Cachorro e o Lagido.

O Miradouro da Terra Alta, situado sobre o mar entre Santo Amaro e Piedade, com vista para a costa sul da ilha de São Jorge, tal como o Parque Florestal da Prainha, dotado de zonas de lazer eequipamento adequado à realização de piqueniques.

O sítio da Furna, localizado na freguesia de Santo António apresenta também uma curiosa combinação do poder das forças da lava vulcânica e das ondas do mar, sendo um importante poiso de aves de arribação.

E não podemos deixar de referir a característica Paisagem Protegida da Cultura da Vinha do Pico, recentemente elevada a Património Mundial.

Em particular, cada uma das freguesias do concelho têm locais e monumentos, sobretudo de cariz religioso, que mais ou menos conhecidos não perdem o seu interesse.

Na vila de São Roque, a Igreja e Convento de São Pedro de Alcântara, construção que remonta ao século XVIII, oferece uma bela panorâmica da vila deitada sobre o mar. Edifício barroco, com torre sineira e arcos, guarda no seu interior valiosas talhas douradas, azulejos historiados na capela-mor e um imponente arcaz em jacarandá na sacristia. Do mesmo modo, na Igreja Matriz, reedificada em 1776 sobre um templo mais antigo, dedicada ao padroeiro São Roque, podem-se apreciar altares em talha dourada, assim como imagens do século XVI do santo patrono e do Século XVII de Santa Ana, uma estante de missal em madeira de jacarandá com embutidos de marfim e um lampadário em prata oferecido pelo Rei D. João V no século XVIII. Na mesma vila, o Museu da Antiga Fábrica das Armações Baleeiras permite a observação dos apetrechos e equipamentos utilizados na transformação daqueles cetáceos. Com umas impressionantes caldeiras e fornalhas é internacionalmente considerado um dos melhores museus industriais do seu género.

Santo António, que remonta aos finais do século XVII, tendo como padroeiro o santo que lhe empresta o nome, possui um pequeno templo, composto por uma única torre sineira, ao contrário do que acontece com a maior parte das igrejas da ilha, com um precioso retábulo de capela-mor todo dourado de fino corte, provavelmente um dos mais belos da ilha e dos Açores. Dignas de nota são , também, as imagens de assinalável dimensão de Santo António e do Coração de Jesus. As ermidas características dedicadas aos santos patronos de São Vicente e Santana colaboram para o imperativo desta visita.

Santa Luzia, elevada a freguesia em 1617, é um povoado característico, com os pitorescos lugares do Lagido, Arcos e Cabrito, junto ao mar. A Igreja Paroquial tem como orago Santa Luzia e já existia em 1723, possuindo um interessante altar-mor em talha dourada. Nos lugares à beira-mar podem-se visitar as ermidas da Senhora da Pureza (século XVII), de Nossa Senhora Rainha do Mundo e de São Mateus (séculos XVII / XVIII). Merecendo ainda referência o lugar da Ribeira Nova, onde se observam algumas construções basálticas com características primitivas.

A Prainha, segunda povoação contruída na costa norte da ilha, tem como principais atractivos a piscina natural Poça Branca e a Baía de Canas, zona de veraneio outrora ligada à produção de vinho verdelho. Onde encontramos a Igreja de Nossa Senhora da Ajuda, mais um interessante edifício do século XVIII.

Santo Amaro é por tradição o principal estaleiro naval dos Açores. Artífices experientes, usando ancestrais técnicas de construção, transformavam retorcidas peças de boas madeiras em botes e traineiras. Do século XVIII, com torre baixa e ameada, ficou-nos também a igreja paroquial do padroeiro.

Enfim, assim é o concelho, entre o sossego do espírito e a agitação da natureza, a policromia cultural de um povo que procura preservar o que de melhor tem para oferecer sem renunciar ao desenvolvimento de um amplo horizonte futuro.

FONTE: C.M. São Roque do Pico