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Figueira de Castelo Rodrigo encontra-se situada entre os vales do Rio Douro, Rio Côa e Rio Águeda, tendo em contíguo as ruínas da célebre Aldeia Histórica – Castelo Rodrigo – e à Serra da Marofa.

A cultura da vinha e produção de vinho têm raízes ancestrais na região, tendo sido iniciada no século XII pelalgodres2os monges cistercienses.

concelho1Figueira de Castelo Rodrigo pertence à Região Demarcada da Beira Interior, sub-região de Castelo Rodrigo.
São característicos um clima de origem continental, mediterrânico e solos onde prevalecem os xistos e arenitos.

As castas predominantes são no caso das uvas brancas, a Síria e Malvasia Fina e no caso das uvas tintas, o Marufo, Rufete, Touriga, Touriga Franca e Tinta Roriz.

concelho3Pertencendo ao Distrito da Guarda, Figueira de Castelo Rodrigo tem uma área de 509,0 km2 e é composta por 17 freguesias com uma população de 6 938 habitante.

É limitado a Norte pelo concelho de Freixo de Espada à Cinta, do qual é separado pelo Rio Douro; a Sul pelos concelhos de Almeida e Pinhel, com o Rio Côa a servir de fronteira com este; a Nascente pela Espanha, tendo o Rio Águeda como fronteira líquida, em grande parte do seu percurso; e a Poente pelo concelho de Vila Nova de Foz Côa.

Vestígios históricos, de um passado glorioso, chamam a atenção do visitante ao percorrer as estradas que unem as freguesias figueirenses.

historia

Destes vestígios destacamos:

• O arco abatido do Coro da Igreja Matriz de Figueira.

ima_regiao1• O Alto da Marofa a 977 metros de altitude com o seu vasto panorama e património artístico e arquitectónico: capelas dos Mistérios do Rosário , imagem escultórica do Cristo-Rei.
• Conjunto histórico de Castelo Rodrigo: muralhas medievais, ruínas do Palácio de Cristóvão de Moura, Pelourinho quinhentista, cisterna com arcos estilo árabe e manuelino, igreja medieval.
ima_regiao3• Igreja românico-gótica, casa do capítulo e vestígios do claustro do histórico convento cisterciense de Santa Maria de Aguiar.
• A “Igreja-fortaleza” renascentista de Escalhão com seu precioso recheio.

• Amendoeiras em flor (fim de Fevereiro) no região de Barca de Alva, panorama da Sapinha e vista da bacia do Douro.
• A Cruz de Pedro Jacques de Magalhães em Mata de Lobos.

• Templo romano da Torre de Aguiar em Almofala.
• Tecto de raro estilo Mudéjar da Igreja de Escarigo.
• Solar e capela do Morgado em Vilar Torpim.
• Solar e Torre dos Metelos na Freixeda do Torrão.
• Tábuas policromadas quinhentistas na igreja de Vale de Afonsinho.

A par do deslumbrante espectáculo das arrebatadas arribas dos rios Águeda e Côa, surge a vista do planalto grandioso e calmo, dos vales longos e apertados que correm para o Douro ou se distendem pela serra, cheios de beleza e emoção.

Com várias zonas de caça demarcadas, as freguesias preservam, desta maneira, a sua riqueza cinegética, para alegria dos caçadores. De salientar as montarias aos javalis e as batidas às raposas e lobos que têm lugar nos meses de Janeiro e Fevereiro.

Desde os monumentos, à gastronomia e festas populares, encontra o visitante, a par de paisagens deslumbrantes, motivos de sobra para conhecer este progressivo concelho, rumando para o futuro com a determinação e coragem que nunca lhe faltaram nos momentos decisivos da sua tão longa história.

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História

Historicamente, falar de Figueira de Castelo Rodrigo implica remontar muitos séculos na história. Desde a Pré – História até ao séc. XX, muitos são os testemunhos existentes, permitindo-nos viajar pelo tempo à descoberta das raízes históricas de toda uma região.

Entranhado no coração da região do Riba Côa, o concelho de Figueira de Castelo Rodrigo, instituído por decreto de 25 de Julho de 1836, apresenta grande riqueza de património edificado, onde assume papel de destaque Castelo Rodrigo, uma das mais belas e marcantes Aldeias Históricas de Portugal. Mas em todas as freguesias encontramos monumentos de grande valor que guardam segredos e memórias de tempos passados.

Principais registos:

Idade do Bronze
A Presença dos Romanos em Riba Côa
Suevos e Visigodos em Riba Côa
Idade Média
A Batalha de Castelo Rodrigo

IDADE DO BRONZE

A zona de Riba Côa, apartada no isolamento das suas pobres montanhas, manteve o arcaísmo

da sua civilização. O surgimento de armas de bronze e estelas de chefes “heróis”, característicos nesta zona, confirmam a formação paulatina de uma sociedade de guerreirospastores.

A estátua-menir de” Ataúdes” descoberta a cerca de 2,7 km para Este de Figueira de Castelo Rodrigo, remonta a esse período da história de que existem poucos testemunhos. O imponente monumento mede 2,96 metros de altura e 0,79 m de largura, apresentando dois motivos principais e centrais: uma figura humana e uma espada.

Trata-se de uma estátua armada, portanto uma insígnia estandardizada de poder. È a espada o único elemento que, objectivamente, nos possibilita uma aproximação à cronologia do monumento.

A arma representada remeterá para um momento avançado do bronze antigo, finais do 2.º quartel do II milénio a. C.

Vigorou nestas terras uma sociedade chefiada por uma elite guerreira, consequência da hierarquização que era exigida para defesa das terras e gados, o controlo de vias e zonas de pasto.

No séc. VI a.C., a principal invasão celta alterou o quadro geopolítico da região.

Castelo Rodrigo, pela sua inserção numa elevação, à semelhança de muitas vilas e cidades da região, faz-nos remontar a um povoamento de tipo castrejo, o que alguns restos arqueológicos vêm comprovar. Tratava-se sem dúvida de castros Vetões, os primeiros povoadores de quem existem vestígios.

Este povo pré-romano habitou uma zona que ia desde o rio Tormes até ao norte de Cáceres e desde Ávila até ao rio Côa. Eram fundamentalmente criadores de gado e por esse facto, procuravam para a instalação das aldeias, lugares e zonas montanhosas, onde abundassem pastos para os rebanhos.

As características do concelho de Figueira adequavam-se perfeitamente às exigências de vida deste povo que buscava defesas naturais para a implantação dos seus povoados, que construíam em zonas escarpadas ou em zonas flanqueadas por rios profundos.

Este é o povo autor de numerosas esculturas em granito, os “Berrões“. Estas esculturas, colocadas nos limites das povoações, eram erigidos como manifestação de culto aos animais que constituíam a base da economia. Em Santo André, no limite da freguesia de Almofala, tem duas magníficas peças que remontam a este período.

Encontram-se ruínas de tipo castrejo em Castelo Rodrigo, Serra de Nave Redonda e Serra de Monforte. Nestas civilizações, a pedra assumia particular importância, nomeadamente na construção, mediante o emprego de um aparelho grosseiro.

A PRESENÇA DOS ROMANOS EM RIBA CÔA

Os Romanos começaram a conquista da Península a partir do ano 218 a. C., entrando em contacto com os povos que habitavam esta região 25 anos mais tarde. Posteriormente, enquanto parte da Península estava a adaptar-se à civilização romana, este mundo estranho ergueu barreiras contra a romanização e só depois de século e meio de lutas ferozes, os povos desta região foram definitivamente submetidos. Foi sob o comando de Júlio César, então Pretor da Lusitânia, por volta do ano 61 a. C., que os romanos puseram fim aos periódicos levantamentos de Lusitanos e Vetões.

Os Lusitanos, que eram o povo vizinho pelo oeste, estendiam-se desde o rio Côa até ao mar, com o Douro a estabelecer o limite da fronteira norte. As suas relações com os Vetões eram estreitas, de tal modo que se formavam grupos de salteadores entre os membros dos dois povos, que marchavam para outras regiões da península, para pilhar onde tivessem oportunidade.

A chegada dos romanos à Península Ibérica trouxe uma forma diversa de encarar os povos submetidos. A ocupação romana distinguiu-se da efectuada por outros povos invasores, devido ao carácter social e administrativo que instalaram e desenvolveram ao longo dos séculos. A introdução da língua latina, dos deuses romanos que aos poucos substituem as divindades locais, da organização administrativa do território, a abertura de estradas, a construção de pontes e templos, foram factores que alteraram o “ modus vivendis” dos povos peninsulares. A romanização manifestou-se em todo o território, como provam os vestígios arqueológicos, pois no sopé de muitas colinas, surgiram as Villae e os templos, sendo famoso a torre de Almofala, que apesar das várias alterações, conserva ainda o magnífico pódio romano e tem revelado importante espólio, que permite trazer alguma luz a uma época que foi importante para o definitivo desenvolvimento civilizacional desta região.

A presença dos romanos no concelho de Figueira, está assinalado no Casarão da Torre em Almofala, nalgumas “ Villae” e em Aras votivas. De entre estas destaca-se a Ara Votiva do Casarão da Torre, descoberta nas escavações feitas junto à torre de Almofala. A Ara apresenta a inscrição “ CIVITAS COBELCORVM “. Pode entender-se como uma referência à capital dos Cobelcos, um povo de que não havia referência. O Achado leva a supor que terá existido no local, uma povoação de certa importância.

Esta descoberta, segundo a investigadora Dr.ª Helena Frade, poderá revolucionar a história local e até nacional, pois deixa antever a possibilidade de ali ter existido a cidade dos Cobelcos, desconhecida até ao presente e que altera o mapa de distribuição das cidades conhecidas no período da ocupação romana da Península Ibérica.

SUEVOS E VISIGODOS EM RIBA CÔA

A península Ibérica, num fenómeno que abrangeu todo o império romano sofreu a invasão de hordas de povos bárbaros: Alanos, Vândalos e Suevos. Os Suevos, depressa constituíram um forte estado que durou sensivelmente entre o ano de 411 a 585., tendo constituído capital em Bracara Augusta (Braga). Este povo implantou-se na região entre Douro e Minho. Converteram-se ao Cristianismo em 456, no tempo de Richiário. Posteriormente, chegaram os Visigodos, que rapidamente conquistam Alanos e Vândalos.

Durante dois séculos esta região é influenciada pela luta entre estes dois reinos, pois os visigodos haviam-se convertido ao arianismo, o que deu aos suevos um espírito de cruzada contra estes últimos. Foi o rei Visigodo Leovigildo (577-586) que submeteu definitivamente os suevos em 586. O seu sucessor Recaredo I (586-601) converteu-se ao catolicismo no 3.º concílio de Toledo.

Os visigodos mais avançados no sistema jurídico e social, recebem a influência do direito romano e a inspiração dos valores católicos da vida social dos suevos, constituindo o Codex Visigotorum, que regeu e influenciou a vida das populações mesmo após a conquista dos muçulmanos.

É dentro deste contexto de reorganização do Reino visigótico, que existem referências ao Riba Côa, através da diocese de Caliábria. Sabemos que era a localidade mais importante, contudo, a data da fundação é incerta. Supõe-se que a passagem a diocese terá ocorrido durante o reinado de Suitila (612-631), pois o primeiro bispo de Caliábria aparece a assinar as actas do 4.º concílio de Toledo, em 633, onde assina “ Servus Dei, episcopos callabriensis”. A criação de Caliábria impunha-se, segundo M. Gonçalves da Costa ”… não existindo outra sede em espaço tão dilatado, como era de Viseu a Salamanca e Egitânia e aumentando a conversão dos povos, tornava-se extremamente molesto a visitação que os bispos eram obrigados a fazer. Foi pois natural que os Visigodos católicos resolvessem colocar outro bispo em Caliábria…”.

D. Mateo Hernandez Vegas, in Ciudade Rodrigo, la catedral y la ciudad Salamanca (1935), indica que a decadência de Civitas Augusta (Ciudad Rodrigo) exigiu a criação do bispado de Caliábria “… é certo e bem comprovado que a sede da arruinada Civitas Augusta foi transladada para Caliábria, cidade situada na foz do Côa no Douro…”.

A decadência de Caliábria está directamente ligada à da própria monarquia visigótica, que atingiu o seu ponto alto na viragem do séc. VII para o VIII, em razão das disputas pela coroa.

A morte do rei Vitiza e a sua sucessão por um filho não é aceite por um grupo de nobres que entregam a coroa a Rodrigo. A isso se opõem dois homens: D. Julião, governador de Ceuta e D. Opas, arcebispo de Hispalis (Sevilha) tio e tutor dos herdeiros afastados. O governador de Ceuta estabelece aliança com Muça, sarraceno e chefe das forças do norte de Africa. As tropas de D. Julião e Muça vencem Rodrigo no ano de 711 na batalha de Guadalete.

Desde esse momento, apenas no séc. XII, altura do nascimento de Portugal, voltou a falar-se de Caliábria. Quatro séculos depois, Caliábria ainda seria uma cidade de algum significado, pois foi dom de D. Fernando à Diocese de Ciudad Rodrigo.

IDADE MÉDIA

ÁRABES

A invasão dos muçulmanos e a desintegração política e religiosa, incidiu directamente sobre o Riba Côa. Esta invasão fez ruir por completo a organização política do estado Visigótico, transtornando também a comunicação entre as cidades e o campo.

Nos primeiros anos da invasão, os colonos berberes instalaram-se em toda a zona do Douro.

No concelho de Figueira, existem vestígios da sua presença quer pela tradição oral (muitas são as lendas sobre mouras, fontes e sepulturas antropomórficas), quer pela marca deixada na toponímia, como podemos verificar nos nomes de Almofala e Algodres. Mas são ainda mais significativas as inscrições árabes sobre o lintel de uma porta na Aldeia Histórica de Castelo Rodrigo.

RECONQUISTA CRISTÃ

Na idade média e num fenómeno que se mantinha desde longo tempo, a insegurança permanente parece ter funcionado como óbice para atrair e fixar gente, o que indica que estas terras permaneceram à margem dos fenómenos de recuperação demográfica e ordenação feudal que estava a ocorrer em zonas próximas.

A situação começou a alterar-se desde meados do século XII, altura em que o monarca Leonês Fernando II, tomou no ano de 1161, a decisão de levar a cabo o repovoamento da zona de Riba Côa. Poucos anos depois, em 1189, Afonso IX de Leão, fixou os limites do concelho de Castelo Rodrigo, o primeiro a ser criado em terras do Riba Côa, tendo posteriormente, em 1209, atribuído à vila o foral.

O início do repovoamento, dado tratar-se de uma decisão política, não só preparava as bases para a futura colonização em massa, mas também ordenava a hierarquia do território e das populações, dentro dos marcos feudais do reino Leonês, o que provocou imediatas reacções militares, do lado português, com o objectivo de impedir essa fixação.

A tentativa portuguesa de impedir uma fixação Leonesa radica na importância estratégica de que se revestia Castelo Rodrigo, de onde poderiam ser arremetidas sortidas contra o território português.

Deste modo, uma sociedade de fronteira, bastante desarticulada e sem nenhum controlo durante vários séculos, em poucas décadas havia-se convertido numa sociedade enraizada na fronteira.

Quando o Rei Lavrador sobe ao trono português, a situação militar do Riba Côa era clara, pois não obstante as incursões dos seus antecessores, que fizeram passar de mão alguns castelos, toda a região era Leonesa.

D. Dinis pretendeu alterar esta situação e, aproveitando uma fraqueza dinástica de Leão, desloca-se à Guarda e dali declara guerra a Fernando IV, menor, filho de Sancho IV, que tinha por tutor D. Henrique. O rei português inicia uma profunda penetração por Castela, avançando com êxito sobre Ciudad Rodrigo, passa a Salamanca e chega a Valladolid, regressando a Portugal para se apossar da Região de Riba Côa, tendo colocado guarnições portuguesas em Castelo Rodrigo, Alfaiates, Sabugal, Vilar Maior, Castelo Bom, Almeida e Castelo Melhor. Desta forma obriga os Castelhanos a assinar o tratado de Alcanizes em 12 de Setembro de 1297. Com este tratado, o nosso monarca, desiste das pretensões sobre Limia e Toronho e as terras de Aliste, mas exige o território que ocupara, passando a fronteira para o rio Águeda.

Este tratado teve consequências para as terras do Riba Côa, pois estas nunca mais voltaram a estar integradas nos domínios da coroa de Castela, com excepção para o período da união dinástica entre 1580 e 1640.

Desde aquela data as gentes deste concelho, apesar de longe da capital do reino, mantiveram sempre erguidas as cores da bandeira, que defenderam com denodo, sem olharem a esforços, intervindo em variadas acções militares que permitiram consolidar na população o seu forte sentir nacional e patriotismo.

RECONQUISTA CRISTÃ

A fortaleza de Castelo Rodrigo desempenhou sempre papel de destaque entre os redutos da região e foi motivo de preocupação de sucessivas gerações de monarcas. No tocante à estrutura da fortificação, existem documentos que nos permitem conhecer as medidas que levaram a cabo reis, ordens militares, senhores e os habitantes do concelho.

Assim, D. Dinis, para melhor assegurar a posse das terras conquistadas aos reinos de Leão e Castela, mandou reparar as muralhas em volta da vila, guarnecendo fortemente a vila, o mesmo fazendo a todas as praças da fronteira Este.

Uns anos mais tarde, em 1369, D. Fernando I, na tenaz luta que empreende contra Castela, alegando direito ao trono por morte de D. Pedro I, mandou reparar as muralhas, que foram palco de escaramuças constantes, que se prolongaram até à guerra da Independência, mas como nem sempre os recontros foram favoráveis ás forças portuguesas, a vila sofreu grande sangria na população e o castelo foi caindo em ruínas.

Mais tarde, D. Manuel fê-lo reconstruir em finais da primeira década, dando-lhe foral em Santarém, datado de 25 de Julho de 1509.

Foi precisamente neste século, que os nossos castelos começaram a ser adaptados às armas de fogo com a construção de troeiras e aumento da profundidade das linhas de fogo, através da construção de barbacãs .

O “… Livro das Fortalezas…”, de Duarte d’Armas, dá-nos indicações sobre a estrutura física da maior parte dos castelos situados na zona do Riba Côa, pois dos castelos compreendidos no tratado de Alcanizes, encontram-se representados nessa obra, os castelos de Castelo Rodrigo, Almeida, Castelo Bom, Vila Maior e Sabugal, não estando representados nesta zona da Beira, Castelo Melhor, Monforte e Alfaiates.

No desenho do códice de Madrid, lê-se «esta he hua gram ladeira de sobir» o que nos leva a lembrar que as características fronteiriças de Castelo Rodrigo, que o conde da Ericeira descreve como alcantilado e fragosa, eram benéficas para a defesa, aliado à própria fortificação que , apesar da escassa guarnição fazia parte dos castelos de 1ª linha.

BATALHA DE CASTELO RODRIGO

Muitos foram os momentos da história portuguesa onde o nome de Castelo Rodrigo foi elevado bem alto pela coragem dos seus habitantes, mas provavelmente o momento mais marcante foi a vitória conseguida a 7 de Julho de 1664 .

No século XVII, na Guerra da Restauração, Castelo Rodrigo escreveu a mais bonita página da sua história. Castelo Rodrigo, mantinha-se como fortificação activa, pertencendo à comarca judicial de Pinhel e ao bispado de Lamego, integrando o número de vilas com assento nas cortes, onde em 1642 ocupava o 11ºbanco. Os seus habitantes prezavam a sua situação como centro da região. Além disso, a vila tinha voz activa quanto à organização dos governos de armas da Beira, coincidindo com Castelo Branco no pedido feito em cortes, em 1646, para que o governo da Beira fosse dividido em dois, para maior eficácia na defesa.

O monarca D. João IV vai então ordenar a divisão da Beira por dois governadores de armas, acreditando que assim ficaria melhor defendida, pois permitia um melhor racionamento das tropas, ao encurtar as zonas de acção numa província tão dilatada.

Assim, o governo das armas das comarcas da Guarda, Pinhel, Lamego e Esgueira é confiado a D. Rodrigo de Castro, então governador da cavalaria do exército do Alentejo, ao passo que Castelo Branco, Viseu e Coimbra ficaram ás ordens de D. Sancho Manuel.

O primeiro comando designava-se por Partido de Almeidae o segundo por Partido de Penamacor.Procurando testar o governador do partido de Almeida, os castelhanos tomam-lhe o pulso, atacando a região de Alfaiates. D. Rodrigo responde, e põe debaixo de ataques S. Felices de los Galegos e destruíu a «campanha» em redor de Ciudad Rodrigo.

Os dois chefes portugueses chegam a planear um ataque conjunto a Alcântara. Em 1651, os castelhanos avançam por Castelo Rodrigo e Sabugal, a que D. Rodrigo de Castro responde, atacando a região de Ciudad Rodrigo e de Salamanca.

Para termos uma ideia clara da importância de Castelo Rodrigo, convém avaliar as várias peças de armas dos dois reinos. Tal como se passava no plano de defesa Português, também a coroa espanhola, ponderava as necessidades e prioridade das suas praças de armas, junto à fronteira de Portugal, onde se destacava Ciudad Rodrigo.

A importância desta praça é bem visível no facto de ter justificado a nomeação, para o seu comando, do duque de Alba, num primeiro momento, e do duque de Ossuna, num segundo.

Só tendo em conta tais factores, será possível fazer justiça ao significado da Batalha de Castelo Rodrigo (Salgadela), uma entre as cinco grandes batalhas da Restauração, segundo o conde da Ericeira.

No ano de 1664, o Marquês de Marialva organiza as forças do Alentejo, tendo as forças portuguesas atacado Valência de Alcântara, rendendo-se muitos lugares. Na Beira, o duque de Ossuna fortifica-se perto de Aldeia do Bispo, mas na doença temporária do governador de armas do partido de Almeida, Pedro Jacques de Magalhães, forças vindas de Trás-os-Montes impedem qualquer avanço. Por sua vez, em Janeiro, Afonso Furtado de Mendonça passa o rio Tourões com 6000 infantes e 1000 cavalos; não consegue destruir o forte, mas danifica os campos de Ciudad Rodrigo.

Depois de construído o forte de Aldeia do Bispo, Ossuna destruiu a ponte de Riba Côa, que facilitava o provimento de Almeida. A ponte é reparada, tendo o governador de armas colocado no local uma atalaia.

Após a tentativa portuguesa falhada de tomar Sobradilho, já que a artilharia não chegou a tempo por dificuldades de transposição do Águeda, Ossuna responde com 5000 infantes, 70 cavalos, 9 peças de artilharia, munições e carruagens e a 6 de Julho está sobre Castelo Rodrigo, que segundo Ericeira era «praça sem mais defesa que uma muralha antiga, porém, situada em terra defensável», sendo a vila governada pelo mestre-de-campo António Freire Ferreira Ferrão, com uma guarnição de 150 soldados. Foi valorosa a resistência dos defensores, mas necessitavam de socorros. Pediram-nos, tendo estes chegado devido à diligência de Pedro Jacques Magalhães que com 2500 infantes, 500 cavalos e 2 peças de artilharia, avança em socorro da praça sitiada, sem mantimentos, tendo os soldados que partilhar o pão que levavam.

No dizer de D. Luís de Meneses, «… Obedeceram os soldados, alegres e valorosos, em todos os séculos glorioso por esta acção, pois raramente se achará exemplo de igual constância e sofrimento…». Vindo em socorro, na manhã de 7 de Julho, encontravam-se perto das hostes castelhanas, já que aproveitaram o silêncio da noite para avançar sem serem notados. Ossuna atacava a praça, tendo o governador e seus homens resistido. Avança Pedro Jacques, antecipando-se ao reforço que o exército espanhol esperava do Comissário Geral de Cavalaria D. João de Robles, que no dia anterior havia chegado a Ciudad Rodrigo com 300 cavalos e 1000 infantes.

Pedro Jacques exorta os seus homens a combater, lembrando os ataques constantes de Ossuna à província. Manda tocar as trombetas e caixas, som que identificou ao duque de Ossuna a presença das forças, tomam a artilharia espanhola e desbaratam as suas forças. A batalha estendeu-se depois nos campos entre o Convento de Santa Maria de Aguiar e a Mata de Lobos.

Pedro Jacques de Magalhães, tendo retirado vitorioso para Almeida, enviava à corte o seu filho Henrique, de 14 anos, que não obstante a idade, já exercitara o posto de capitão de infantaria.

A corte celebrava a vitória. O jornal Mercúrio Português dedicava ao acontecimento um número especial ‘… Mercurio Portuguez, com as novas do mez de julho anno 1664. Com a gloriosa & maravilhosa vietoria, que alcançou Pedro Jacques de Magalhães, Governador das armas do partido de Almeyda, contra o duque de Ossuna em Castello Rodrigo…’.

Do lado espanhol, D. Guilhermo Toribio conta-nos a retirada do Duque de Ossuna “… acosado el duque por todas partes, com el ejército em derrota, emprendió la retirada … perseguido de cerca y hostilizado constantemente…”.

A luta ficava então reduzida a pequenas escaramuças locais até à paz de 13 de Fevereiro de 1668, terminando também o reinado dramático de D. Afonso VI, a quem sucede o regente, infante D. Pedro, ao serviço de quem estará Pedro Jacques de Magalhães, o chefe vitorioso de uma grande batalha da restauração, a única que teve lugar na Beira, numa das praças da fronteira.

No local da Salgadela, ainda hoje existe um Padrão, designado de Padrão de Pedro Jacques de Magalhães, que foi classificado como Monumento Nacional em 1910. João da Fonseca Tavares mandou erguer em 1664 no local da batalha, em lembrança da vitória:

A paz entre Portugal e Castela foi finalmente assinada em Madrid a 5 de Janeiro de 1688 e ratificada em Lisboa a 13 de Fevereiro do mesmo ano. Instalava-se durante alguns tempos, nova época de paz, num concelho que durante 28 anos havia vivido em constante inquietude, com muitas povoações incendiadas e duas completamente destruídas, arruinando toda a vida económica da região, o que levou ao despovoamento.

Sendo uma região de fronteira, importante do ponto de vista militar, o Concelho de Castelo Rodrigo, viveu sempre em clima de desconfiança face ao exército Espanhol, referências a muitas surtidas feitas por ambos os lados. As épocas de Paz nunca eram longas.

O início do governo de D. Pedro II em 1667 e com a assinatura da paz com Espanha em 1668, a vida política interna e externa do país, manteve uma certa estabilidade que só seria destruída aquando das invasões francesas.

A nível da política externa, assinalou-se a intervenção de Portugal entre 1703 e 1713 na Guerra da Sucessão de Espanha, ao lado das várias potências europeias, contra a França e a Espanha. Ficou famosa uma incursão do exército português sob a direcção do marquês das Minas que, em 26 de Junho de 1705, conseguiu entrar em Madrid.

Castelo Rodrigo e toda a região estariam de novo envolvidos pelo espectro da guerra. A praça forte de Castelo Rodrigo, traduzindo um clima geral de preocupação, vê aumentada a guarnição com a chegada de 30 soldados.

Mais tarde, no reinado de D. José, a situação de crispação Internacional voltaria a envolver o país e em particular as regiões fronteiriças sob o espectro da guerra. Defendeu-se a neutralidade portuguesa perante a Guerra dos Sete Anos (1756-1763), o que provocou no ano de 1762 a invasão por tropas espanholas e francesas das regiões fronteiriças, como represália contra a recusa de D. José em integrar Portugal no «Pacto de Família» dos Bourbons. Segundo este acordo, o monarca português deveria combater contra a Inglaterra por ser casado com D. Mariana Vitória, filha de Filipe V, rei de Espanha e da família Bourbon de França.

A França declara guerra a Portugal a 20 de Julho de 1762. Um exército composto por forças francesas e espanholas entram por Trás-os-Montes a 23 de Julho, estando sobre o Riba Côa a 11 de Agosto. Uma vez mais, as populações sofrem as pilhagens perpetradas pelas forças invasoras.

Quando em 1789 se dá em França a revolução, assiste-se por parte das monarquias europeias a uma forte reacção. A animosidade do governo português ficou patente no envio de soldados para se juntarem a tropas inglesas e espanholas na Campanha do Rossilhão contra a França, que decorreu em 1794.

Sem qualquer vantagem para Portugal, o conflito suscitou mais tarde a reacção francesa que, aliando-se à Espanha, declarou guerra a Portugal a 27 de Fevereiro de 1801. Por três vezes é invadido Portugal, sendo que a terceira invasão no ano de 1810, chefiada por Messena, entrou no nosso território pelas terras de Riba Côa.

Milhares de vítimas, culturas e fábricas destruídas, foram os resultados que se fizeram sentir de forma dramática sobre os habitantes deste concelho e de todos os concelhos vizinhos. A violência das tropas francesas deixou profundas marcas nas freguesias do concelho.

As invasões francesas constituíram a ultima grande penetração violenta de estrangeiros no território nacional, deixando contudo profundas recordações, ainda hoje vivas na memória popular.

Poucos anos depois, Castelo Rodrigo que desde 1209 desempenhou papel fundamental na região do Riba Côa, vai sofrer rude golpe. A rainha D. Maria II atribuiu o título de vila a Figueira a 25 de Junho de 1836. A 31 de Dezembro de 1836, por decreto de Passos Manuel, é extinto o histórico concelho de Castelo Rodrigo, que é substituído pelo de Figueira de Castelo Rodrigo.

mapa

A ADEGA

instalacao6Figueira de Castelo Rodrigo encontra-se situada entre os vales do Rio Douro, Rio Côa e Rio Águeda, tendo em contíguo as ruínas da célebre Aldeia Histórica – Castelo Rodrigo – e à Serra da Marofa.

A cultura da vinha e produção de vinho têm raízes ancestrais na região, tendo sido iniciada no século XII pelos monges cistercienses.

instalacao1A Adega Cooperativa de Figueira de Castelo Rodrigo, C.R.L. foi fundada em 1956, por 154 sócios e conta actualmente com cerca de 1000 associados.
Anualmente, em média, a Adega Cooperativa de Figueira de Castelo Rodrigo tem uma produção de 10.000.000 de litros de vinho, dos quais cerca de 55% branco e o restante em tinto.

instalacao2Figueira de Castelo Rodrigo pertence à Região Demarcada da Beira Interior, sub-região de Castelo Rodrigo.
São característicos um clima de origem continental, mediterrânico e solos onde prevalecem os xistos e arenitos.
As castas predominantes são no caso das uvas brancas, a Síria e Malvasia Fina e no caso das uvas tintas, o Marufo, Rufete, Touriga, Touriga Franca e Tinta Roriz.

Têm sido criados desde sempre, vinhos de incontestável qualidade, como o confirma, o notável número de prémios oficiais, que têm sido atribuídos através dos anos, à Adega Cooperativa de Figueira da Castelo Rodrigo.
CASTAS

Castas mais importantes na região vitícola de Castelo Rodrigo

No que concerne às castas apenas irei reportar as mais importantes e representativas da região.

CASTAS BRANCAS

Malvasia fina
Síria
Tamarez
Bical
Cerceal
Malvasia
Rabo de Ovelha
Vital

CASTAS TINTAS

Baga
Bastardo
Marufo
Rufete
Tinta Carvalha
Touriga Nacional
Tinta Roriz
Touriga
Trincadeira-Preta.

São também autorizadas a Fernão-Pires, e Folha de Figueira.  São também autorizadas a Alicante Bouschet, Cabernet-Sauvignon, Grand-Noir, Rabo de Ovelha Tinto e Touriga-Franca.

PORTOFÓLIO

alfrocheiro2004_grdbranco2006_grd

castelo_rodrigoBcastelo_rodrigoT

convento_aguiarBfrei_bernardoB

marofaBreserva2000_grd

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Agradecimentos e fonte: Adega Cooperativa de Figueira de Castelo Rodrigo e Câmara Municipal de Figueira de Castelo Rodrigo