2020 também foi um ano atípico para as uvas de Alvarinho em Monção e Melgaço.

Está a iniciar a Vindima 2020 em Monção e Melgaço, cerca de uma semana antes do que é costume nesta sub-região dos Vinhos Verdes, mas a qualidade das uvas começou a ser ditada há muito tempo. Para a primeira marca de alvarinho de Melgaço, Soalheiro, as expetativas acerca da qualidade desta colheita são as melhores.

Miguel Alves, Engenheiro Agrícola, refere “a fase do abrolhamento, quando os gomos começam a surgir após o adormecimento, ocorreu na primeira quinzena de março, mais do que duas semanas antes do que acontece num ano médio nesta região”. O adiantamento na fase inicial do ciclo deu-se porque o Inverno acabou por ser menos rigoroso, menos frio, do que o normal, tendo isso consequências distintas num território tão heterogéneo, nomeadamente no vale e na montanha. O responsável pelo acompanhamento das vinhas do Clube de Produtores do Soalheiro exemplifica: “na parte mais alta do nosso território, nomeadamente na nossa vinha a 1100 metros de altitude, houve menos neve do que o costume, já no vale as temperaturas foram mais amenas”.

Durante a fase de crescimento vegetativo, a precipitação foi abundante e as temperaturas baixas, o que, como explica Miguel Alves, “acabou por atrasar o adiantamento do ciclo, fazendo com que o pintor, fase que dá início à maturação, tivesse início a meados de julho, cerca de uma semana antes do que num ano convencional”. O mês de julho e o início de agosto caraterizaram-se por temperaturas muito altas durante o dia e pela ausência de precipitação – em meados de agosto existiram algumas chuvas ligeiras que “favoreceram a qualidade das uvas e ajudaram a vinha a recuperar as reservas”.

O fim de agosto foi mais ameno, com temperaturas de cerca de 30 oC durante o dia e noites com temperaturas por volta dos 16 oC, uma amplitude térmica elevada que é uma das caraterísticas diferenciadoras do território de Monção e Melgaço, originada pela baixa influência dos ventos atlânticos, devido à proteção das montanhas que rodeiam o vale do Alvarinho. Para António Luís Cerdeira, Enólogo do Soalheiro, este final de ciclo “levou a uma maturação mais lenta com a manutenção da frescura aromática e gustativa, caraterística marcante dos nossos vinhos, o que nos leva a esperar um ano de produção média em termos de quantidade, com expetativas muito otimistas em relação à qualidade”.

AS VINHAS NESTA ALTURA DO ANO TÊM UM ENCANTO ESPECIAL

O ambiente que se vivência no território nesta altura do ano é, ainda, mais especial, por isso, todos os programas de Enoturismo são adaptados a esta realidade. O circuito de visitas foi reformulado e a experiência é feita, maioritariamente, na parte exterior potenciando um contacto privilegiado com a natureza, principalmente nesta época em que os encantos da vinha ganham nova dimensão.