A convite do Turismo do Alentejo, embarquei numa experiência que ficará para sempre guardada na memória, uma imersão em Évora, cidade Património Mundial, que se vestiu de gala para receber a 10ª edição do EvoraWine, evento que celebra o vinho, a gastronomia e a cultura com uma elegância muito própria.

A jornada começou num dos espaços mais solenes da cidade: a histórica Sala dos Atos da Universidade de Évora. O silêncio ancestral das paredes centenárias foi, por instantes, preenchido pela sublime atuação da Orquestra da Universidade, num momento musical que arrepiou até os mais distraídos. Seguiu-se uma visita guiada a esta instituição que é, orgulhosamente, uma das mais antigas do mundo. Percorremos claustros, corredores e salas que respiram conhecimento e tradição e onde cada pedra parece ter uma história para contar.

Ao final do dia, o jantar decorreu ainda na Universidade, num ambiente que conjugava sofisticação com autenticidade. Em colaboração com a Escola de Hotelaria de Portalegre, tivemos o privilégio de degustar 5 pratos principais acompanhados pelos vinhos vencedores do concurso Melhores Vinhos do Alentejo 2025, uma distinção promovida pela Confraria dos Enófilos do Alentejo. A harmonização, primorosamente comentada pelo Eng. Francisco Pimenta, trouxe novas camadas de apreciação a cada gole. Foi uma noite de partilha, saber e sabores intensos.

Na manhã seguinte, o programa continuou com uma visita especial ao Páteo de São Miguel, guiada pelo cativante André Moreira Machorrinho. Com entusiasmo contagiante, levou-nos numa viagem pela história da família Eugénio de Almeida, revelando segredos sobre o icónico vinho Pêra Manca e sobre os encantos do próprio edifício. Escutá-lo foi como uma viagem no tempo, entre a nobreza da arquitetura e a herança vínica de uma das casas mais prestigiadas do país.

Logo depois, fomos recebidos pela própria Duquesa Diana de Cadaval para uma visita privada ao Palácio dos Duques de Cadaval. A anfitriã, simpática e genuína, guiou-nos pela magnífica exposição Insiders/Outsiders, com curadoria do espanhol Enrique Juncosa. Uma fascinante fusão entre arte aborígene e marroquina, em cartaz até outubro, que reforça a vocação do Palácio para trazer grandes exposições ao coração do Alentejo.

A experiência gastronómica prosseguiu com um almoço no encantador Restaurante Pipa Roza, onde a tempura de legumes e os ovos rotos brilharam à mesa. Os vinhos não ficaram atrás: destaco os Brancos, Quinta do Quetzal e o elegante Reserva do Comendador da Adega Mayor. Nos Tintos, nota para o surpreendente Portalegre Conf.enof. 97 T 1ºp de 1997 e o expressivo EA Reserva 2021, todos eles bem acompanhados num conjunto de pratos que soube conjugar modernidade com raízes alentejanas.

A tarde culminou com a aguardada inauguração oficial do ÉvoraWine, onde se celebraram os grandes protagonistas do evento: os vinhos, os sabores e, acima de tudo, a cultura que faz do Alentejo uma terra de paixão e autenticidade. A entrega dos Prémios EvoraWine 25 deu o tom festivo à noite, num tributo à excelência e ao saber-fazer que distingue esta região vitivinícola.

Évora revelou-se, mais uma vez, muito mais do que um destino: é uma emoção engarrafada em cada vinho, um poema contado por cada pedra e uma experiência que nos marca de forma subtil, mas profunda. Um brinde à cidade, ao Alentejo e ao que de melhor sabemos fazer em Portugal.