A Adega de Borba decidiu dar uma nova vida à sua gama Senses, assumindo o mote “Vinhos que se sentem”. E confesso que esta mudança faz todo o sentido. Os rótulos estão mais modernos, as cores mais distintas e a garrafa borgonha dá-lhe uma postura mais elegante e internacional. No fundo, há aqui a intenção clara de posicionar os Senses não apenas como vinhos de prova, mas como vinhos de experiência.
O primeiro a sair com esta nova imagem é o Senses Viognier 2024, um branco monocasta que aposta na serenidade e no equilíbrio entre suavidade e estrutura. Na prova, revela uma cor limão maduro e um perfil aromático centrado na fruta de polpa branca, onde se destacam notas de pêssego e alperce. A boca surpreende pela textura aveludada e pelo final persistente, sempre acompanhado por uma acidez discreta mas suficiente para dar frescura. É um Viognier que não cai em exageros, nem demasiado exuberante, nem demasiado tímido, o que o torna particularmente versátil.
A vinificação também mostra cuidado, vindima manual, fermentação a baixa temperatura, estágio de seis meses sobre borras finas e mais três meses em garrafa. O resultado é um vinho já pronto a beber, mas que poderá evoluir positivamente até quatro anos. A certificação de sustentabilidade e a produção integrada acrescentam um ponto a favor, mostrando que a Adega de Borba não está apenas a renovar a imagem, mas também a reforçar compromissos com práticas mais responsáveis.
À mesa, o produtor sugere mariscos e peixes gordos, e a verdade é que consigo imaginar este Viognier a brilhar com um bom robalo assado ou até com vieiras grelhadas. O preço de lançamento, 8,99 €, é competitivo para o perfil que apresenta.
Sem complicar. Um branco que vale a pena conhecer, sobretudo para quem procura explorar castas menos usuais no panorama nacional.