Chegou a hora de ir. Eu vou. Vou sem medo porque o medo não me faz fronteira. Vou sem olhar para trás, com a vista colada no horizonte e desta maneira arranco rumo à fonte da vida.

 

Já decidi que vou porque nada me segura e não quero perder mais um segundo. Eu vou e vou porque tenho sede de mundo e há tanto mundo para beber, para descobrir.

 

Por estes dias Portugal tem estado encerrado, fechado para renovação, preparado para se reconstruir e abrir melhor. Tem vivido dias de desespero e dor. Mas vou e vou por amor. Viajar para fora cá dentro, descobrir o meu país, vou à raiz do vinho, das gentes e das almas.

 

Vou sentir o povo, a estrada e as tradições. O fado. As cores, os cheiros e os paladares. Os odores da vinha, os sabores da gastronomia e o campo. A portugalidade. A saudade de conhecer o que nunca vi. Eu vou. Vou sem regras, instruções ou GPS. Levo pouca bagagem porque preciso de espaço para trazer muito. Vou sem pressa de voltar, com tempo de fazer amigos e plantar memórias.

 

Vou à procura de bom vinho e histórias.

 

Vou para me perder em tardes de conversa. Em descobertas imperdíveis e impagáveis. Em junho começo a viagem que me irá levar através das regiões vinícolas nacionais.

 

Quero percorrer os caminhos, lamber a estrada e sentir o calor do verão. Saborear a sensação de ser português em Portugal. Vou roubar o tempo e parar o relógio, deixar de agendar para depois e ir agora. Fazer acontecer. Deixar-me de promessas e fazer.

 

A vida passa a correr.

 

Por isso eu quero aprender sobre castas e colheitas, sobre vindimas e misturas perfeitas. Quanto mais conheço o vinho mais descubro sobre a humanidade.

 

Vou e desejo que todos vão também. Que descubram tudo o que Portugal tem cá dentro. Que no mundo não há ninguém tão nobre e acolhedor como nós. Vou para honrar os nossos avós, os nossos antepassados, a nossa cultura. Vou à procura da aventura.

Pisar o nosso chão, saborear com moderação o vinho enquanto me deixo inebriar pela cultura. Há tanto para descobrir.

 

Eu vou como caçador que segue com firmeza no encalço da sua presa.

 

Chegou a hora de ir, de deixar o sofá, descalçar as pantufas, a preguiça, esquecer um pouco as praias do Brasil ou de Espanha e abrir asas para voar. É tempo de procurar Portugal.

 

Descolar da rotina e “aqui vamos nós”. Agarrar na família e visitar o museu do vinho, do pão e do azeite. Viajar no espaço e no espírito. Ir com fome de ver tudo e com urgência de viver, com pressa de sentir porque um dia tudo isto acaba: o vinho e a vida.

 

 

#tristaodeandrade

#vaicomvinho