O vinho nas mãos das mulheres, segundo The Lady And Red.
Durante muito tempo, o mundo do vinho foi contado através de apelidos, linhagens e gerações de homens, mas quem hoje caminha pelas vinhas, se senta à mesa de uma prova ou escuta quem decide dentro das adegas percebe rapidamente que a história mudou.
Em Portugal, há cada vez mais mulheres a produzir vinho, não apenas como continuidade de um legado, mas como empreendedoras, líderes activas e influentes nas decisões do sector.
Não se trata de uma revolução ruidosa.
É uma transformação discreta e consistente, construída no quotidiano das vindimas, nas decisões de gestão e na relação com os mercados. Mulheres que lideram projetos próprios, que assumem a continuidade (e a reinvenção) de quintas familiares, que criam novas marcas e posicionam o vinho português em contextos cada vez mais exigentes.
Embora os dados nacionais ainda não consigam traduzir plenamente esta mudança em números, é evidente que a presença feminina no sector agrícola cresce de forma sustentada. Redes de mulheres ligadas ao vinho, programas de apoio ao empreendedorismo feminino e uma maior visibilidade pública têm ajudado a acelerar este caminho.
Há algo de profundamente humano neste movimento.
Talvez porque quem chega mais tarde tende a fazer perguntas diferentes. Talvez porque quem nunca foi o “padrão” aprende por necessidade, a escutar melhor.
Ou talvez porque o vinho, no fundo, seja isso mesmo, tempo, cuidado e atenção aos detalhes.
Qualidades que apesar de não terem género, agora encontram mais espaço para se expressar.
Olhando para 2026 o cenário continua optimista, espera-se um sector onde o talento não precisa de pedir licença e onde o futuro se constrói com mais vozes à mesa.
Até porque o futuro do vinho não se impõe, cultiva-se.
E quanto mais diversa for a mão que cuida da vinha, mais interessante será o vinho que chega ao nosso copo.

O vinho nas mãos das mulheres por The Lady And Red – aquela crónica antes do ano fechar.


