O 1º Visconde de Chanceleiros, é oriundo da Quinta do Rocio, situada em Cortegana, Alenquer. A quinta era propriedade dos seus pais, Manuel António de Carvalho e Dona Maria José Carvalhosa Henriques.

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O seu contributo para a viticultura nacional foi enorme, e ainda hoje se guarda enorme respeito por ele na região. A referência é obrigatória, principalmente quando falamos da terrível FILOXERA que assolou o país inteiro e quase diziou tudo o património vínico de Portugal.

Aos 24 anos foi eleito deputado pelo círculo de Torres Vedras, sendo bacharel na Faculdade de Direito pela Universidade de Coimbra. Ao serviço do Reino vários foram os seus cargos políticos: Par do Reino, Governador civil de Lisboa, Ministro das Obras Públicas e Ministro Plenipotenciário de Portugal na Bélgica.

O título foi-lhe concedido pelo Rei D. Luís. Ao mesmo tempo, Brasil e Bélgica atribuem-lhe títulos nobres e condecoratórios.
Era considerado além de pessoa de boa-fé, honesto e alguém de enorme carácter no seu tempo. Era igualmente excelente orador e conhecido pela expontaneidade com que pegava na palavra.

Contudo, e apesar de todo o sucesso na política, o apelo da terra foi sempre mais forte e era com frequência que regressava no seu refúgio, a Quinta do Rocio, excercendo já aqui funções de agricultor.

Na zona de Alenquer, “Terra de Vinhedos e Vinhos“, era considerado um grande viticultor na zona, tendo introduzido algumas técnicas mais apuradas, conferindo às suas propriedades um exemplo de condução e modelos de produtividade da vinha. Eram frequentemente visitadas por outras personalidades ligadas ao vinho, quer nacionais quer estrangeiras.
Em 1870 a Filoxera começara a aparecer e rápidamente se alastrara de forma quase exponencial de Norte para Sul! Vindo então a ocupar todo o território português.
O Verão de 1882 foi de enorme desespero. No caso da zona de Alenquer foi motivo de estados de ruína para inúmeros viticultores. A doença era tremendamente agressiva, e em 4 anos dizimou quase tudo o que por aqui havia levando a grandes dificuldades no combate à praga, à descrença, ao desânimo e até em muitos casos ao caos e terror totais!
Nesta hecatombe, o Visconde de Chanceleiros dá um murro na mesa e enche-se de coragem e luta com todas as suas forças contra este grande mal que foi a Filoxera.
A ciência nem de longe estava tão avançada neste tempo. Assim, são experimentadas com sucesso técnicas inovadoras de tratamento químico, de forma insistente e com as cautelas necessárias.
Os resultados são pobres. A produção baixou abruptamente “passando das 5.000 pipas anuais para as 2.000 e depois para as 100 nos últimos anos da sua vida”.
Contudo o Visconde de Chanceleiros foi resiliente e tenta todas as soluções possíveis, submergindo em 1887 as suas vinhas de várzea “com as águas dos regatos que lhe corriam próximo”.
Nesta experiência, além de se ter verificado que as raízes das videiras estavam saudáveis, também com boa frutificação. Mesmo assim, haviam resultados àquem dos desejados.
Assim, decidiu-se replantar as debeladas vinhas com bacelos americanos. Ao fim de algum tempo este esforço valeu a pena. O processo foi então replicado pelos restantes viticultores. A ele deve-se a salvação da viticultura portuguesa, o nosso principal bem agrícola.
“Em 1895 foi convidado pela Real Associação Central da Agricultura Portuguesa, para participar no Primeiro Congresso Vitícola Nacional.
As notáveis comunicações que então apresentou, merecem o aplauso de todos os congressistas, e justificam a sua nomeação para Presidente Honorário do Congresso.
O Visconde de Chanceleiros recebia assim das mãos dos viticultores portuguesas, uma honrosa distinção.
Anos depois, em Dezembro de 1904, a Câmara Municipal de Alenquer inaugurou em sessão solena, o retrato deste ilustre cidadão, “oferecido por um grupo de amigos”.
Era esta, a derradeira homenagem prestada em vida a um homem ” que empobreceu salvando as suas vinhas”, encorajando com o seu exemplo os agricultores portugueses, a replantarem os seus vinhedos destruídos pela filoxera.
Poucos meses depois, a 14 de Junho de 1905, na sua Quinta do Rocio, morria tranquilamente o Visconde de Chanceleiros; tinha setenta anos de idade. “