Produção e Consumo de Vinho Durante a Ocupação Muçulmana

Neste artigo abordamos a Produção e Consumo de Vinho Durante a Ocupação Muçulmana.

Invasão muçulmana da Península Ibérica

Invasão muçulmana da Península Ibérica

A queda do Império Muçulmano

Após a desagregação da unidade política do império, nada indica que o cultivo da vinha tenha desaparecido das paisagens algarvias.

A instabilidade social desse período não parece ter obstado a que algumas villae, melhor organizadas, ou mais protegidas, tivessem mantido as produções agrícolas tradicionais.

Os Califas da Al-Andaluz e Córdoba

Os Califas da Al-Andaluz e Córdoba

Os seus géneros cultivados continuassem a afluir aos mercados urbanos da região

As áreas dedicadas ao cultivo dos cereais, da vinha e da oliveira, que eram a base da dieta alimentar mediterrânica, não devem ter sofrido, portanto, um recuo muito acentuado.

O “Califado” de Silves

Consta até que o Califa de Silves necessitava precisamente da produção e consumo de vinho durante a ocupação muçulmana, para as suas festas pessoais mais mundanas e que envolviam consumo de álcool.

Castelo de Silves edificado em cima da estrutura muçulmana precedente

Castelo de Silves edificado em cima da estrutura muçulmana precedente

Aliás, era um Emir porque na realidade designava-se a Taifa de Silves que era um emirato. Era o Rei taifa de Silves .


O Alcorão e o Vinho

1.
Numa das primeiras revelações, o vinho surge como uma oferta de
Deus, sendo identificado como um dos deleites do Paraíso:

“Eis aqui uma descrição do paraíso, que foi prometido aos tementes: Lá há rios de água impoluível;

rios de leite de sabor inálterável; rios de vinho deleitante para os que o bebem;

e rios de mel purificado; ali terão
toda a classe de frutos, com a indulgência do seu Senhor” (Alcorão,
XLVII, 15).

2.
Ainda que não se esqueçam os deleites do vinho, as revelações posteriores acentuam sobretudo os seus malefícios:

“Interrogam-te a respeito
da bebida inebriante e do jogo de azar; dize-lhes: Em ambos há
benefícios e malefícios para o homem; porém, os seus malefícios são
maiores do que os seus benefícios” (Alcorão, II, 219).

Era apenas pela perda das faculdades racionais, que o ébrio não deveria entregar-se à oração:

“Ó fiéis, não vos deis à oração, quando vos achardes ébrios, até
que saibais o que dizeis” (Alcorão, IV, 43).

3.
A associação com os jogos de azar reforçaria, no entanto, a visão do
vinho como um dos instrumento de Satanás:

“Satanás só ambiciona
infundir-vos a inimizade e o rancor mediante as bebidas inebriantes
e os jogos de azar, bem como afastar-vos da recordação de Deus e da
oração” (Alcorão, V, 91).

Como tal, os fiéis eram aconselhados a evitá–lo:

“Ó fiéis, as bebidas inebriantes, os jogos de azar e as adivinhações
com setas, são manobras abomináveis de Satanás. Evitai-as, pois, para que prospereis” (Alcorão, V, 90)


Diagrama cronológico

Diagrama cronológico

Devido à influência do Califa de Silves e no que respeita à vinha, pode mesmo admitir-se algum incremento do seu cultivo, sobretudo nos aros urbanos, devido à gradual cristianização das populações.

Vasos andaluzes

Vasos andaluzes

Nada disto é, porém, muito seguro e faltam os dados para se falar do papel da vinha e do vinho tinham na alimentação das populações urbanas e rurais.

O negócio e a produção de passas de uva

Diz-se também que uma boa parte das vinhas cultivadas em época islâmica devia destinar-se, portanto, à produção e à comercialização de passas de uva; nem tudo se destinava à produção e consumo de vinho durante a ocupação muçulmana.

vinhas com uvas verdes

vinhas com uvas verdes

O Mundo Ocidental começou a consumir passas de uva

Durante as passagens de ano é tradição comer doze passas de uva. Sabe como se começou a consumir ?

Um texto que descreve as regiões do al-Andalus, confirma a venda em passa de muitas das uvas de Silves.

O apreço pelo consumo regular de passas de uva não se limitava, contudo, às populações muçulmanas e depressa entrou nos hábitos alimentares dos colonos vindos das terras do norte, após as batalhas da reconquista.

Mapa durante a Ocupação Muçulmana

Mapa durante a Ocupação Muçulmana

Onde se podia consumir vinho

Tal como a própria história da Humanidade é fértil em mitos, também consta que a região do Algarve durante 500 anos de ocupação da Península Ibéria e do Reino do Algarve, no Ocidente (Al-Gharb em árabe).

Era em terras alvarvias, pela imposição do Califa de Silves, as únicas onde era permitida a produção e consumo de vinho durante a ocupação muçulmana.

Mapa Geopolítico

Mapa Geopolítico Administrativo

Esperamos que ao beber o próximo trago de vinho, especialmente do Algarve pense um pouco no que esta região já representou em termos vínicos e no que atualmente se tenta transformar e voltar a erguer.

Uma vinha na zona de Tavira

Uma vinha na zona de Tavira

Temos por estas terras grande potencial e grande alternativa ao turismo centrado no Sol e Mar.

O Clube de Vinhos Portugueses aconselha a explorar os vinhos do Algarve, a saboreá-los e conhecer melhor a sua ancestral produção.

Vinha na zona de Portimão - Fonte: Herdade dos Pimentéis

Vinha na zona de Portimão – Fonte: Herdade dos Pimentéis

Fonte: a Vinha e o Vinho no algarve. O renascer de uma velha tradição.