Há doenças piores que as doenças,
Há dores que não doem, nem na alma
Mas que são dolorosas mais que as outras.
Há angústias sonhadas mais reais
Que as que a vida nos traz, há sensações
Sentidas só com imaginá-las
Que são mais nossas do que a própria vida.
Há tanta coisa que, sem existir,
Existe, existe demoradamente,
E demoradamente é nossa e nós…
Por sobre o verde turvo do amplo rio
Os circunflexos brancos das gaivotas…
Por sobre a alma o adejar inútil
Do que não foi, nem pôde ser, e é tudo.
Dá-me mais vinho, porque a vida é nada.
A poesia do poeta
Nasce primeiramente da sua sede.
Se o poeta se saciasse com a vida
O poeta não era senão homem comum !
Mas nem Ofélia
Nem outras vidas,
Nem nada na vida
Lhe saciou a sede….
A poesia deste poeta
Nasce assim seguidamente do seu vinho.
Ah e se Ofélia bebesse…
A vida passava a ser Tudo
E diria :
” Dai- me vinho , porque a Vida Omnia !