As vinhas em que se produzem os vinhos verdes estão sujeitas a tratamentos que, em grande parte, não diferem daqueles que se praticam noutras regiões:

Enxertia
Poda
Empa
Rega

Enxertia

A enxertia é uma operação que se pratica nas vinhas  plantadas com pés de videira resistentes à filoxera. Esta operação, que permitiu salvar a vitivinicultura europeia em finais do século passado, consiste em juntar a um pé de videira devidamente enraizado material vegetativo de uma casta à escolha.

Hoje em dia, nas novas vinhas, utilizam-se bacelos certificados, sendo os mais frequentes o SO4, o 196-17 e o 161-49. A escolha do bacelo tem de atender a dois factores:

à natureza do solo onde vai ser plantado às características da casta com que vai ser enxertado. Nesta região, o método de enxertia mais comum é o do garfo atempado. Durante o período de repouso vegetativo corta-se o tronco da videira e, consoante o diâmetro do bacelo, abre-se uma ou duas fendas com uma navalha. Pega-se então num garfo com dois ou três gomos, apara-se uma ponta em forma de cunha e coloca-se na fenda aberta na videira. O enxerto é amarrado com ráfia e coberto com terra.

Poda

A poda é uma operação realizada anualmente, durante o período de descanso vegetativo. Dada a grande exuberância que atingem as videiras nesta região e as óbvias dificuldades de mecanização que esta operação apresenta, a poda é um trabalho moroso que consome muita mão-de-obra.

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O que torna a poda uma operação exigente é o facto de ser necessário proceder a um equilíbrio da carga deixada em cada videira. Aqui reside o maior óbice à mecanização, uma vez que cada videira tem de ser considerada
individualmente.

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Desse correcto equilíbrio dependerá o regular desenvolvimento da planta, por um lado, e, por outro, uma relação entre a quantidade e a qualidade das uvas da próxima vindima.

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Uma poda que permita um exagerado desenvolvimento da planta durante o ciclo vegetativo que se vai seguir levará a uma elevada produção de uvas de baixa qualidade. Pelo contrário, uma poda demasiado severa poderá vir a traduzir-se num crescimento muito intenso de matérias verdes em prejuízo da qualidade dos cachos.

Empa

A empa é uma operação que se realiza em simultâneo com a poda e que consiste em dobrar a vara que se deixa e amarrá-la a um arame.

Nesta região, a empa estava associada apenas às ramadas, uma vez que os enforcados e os arjoados a não permitem. Hoje em dia, as vinhas instaladas em sistema de sylvoz requerem que se proceda a esta operação.

A empa tem, como contribuíção positiva para o processo produtivo, o facto de permitir uma regularização da rebentação. No entanto, provoca um aumento de mão-de-obra, o que naturalmente se reflecte nos custos de produção.

Rega

A videira necessita de água em três momentos do seu ciclo anual: no início do crescimento vegetativo, que ocorre no princípio da Primavera; depois da alimpa, quando o bago começa a crescer; na época da maturação, para permitir a transformação dos ácidos em açucares.

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Dadas as condições climáticas da região dos vinhos verdes, raras vezes será necessário regar a não ser no terceiro caso.

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Nos meses de Julho e Agosto, que se podem considerar secos, uma vez que a precipitação média é inferior a 30 mm, é normal haver dois ou três dias, pelo menos, de chuva fraca. Regra geral, tal poderá ser suficiente para satisfazer as
necessidades da videira. Porém, quando o ano é extremamente seco, dificilmente se consegue um amadurecimento dos cachos sem se proceder a regas.

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Assim como em anos molhados o equilíbrio entre a quantidade e a qualidade do vinho se altera em desfavor desta (diz-se que o bom vinho é o que passa fome e sede), em anos secos a qualidade pode acompanhar a quantidade na sua queda, se não forem tomadas medidas correctivas.

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Neste sentido, a rega, entendida como uma medida correctiva com o intuito de corrigir desequilíbrios climatéricos e não como um expediente para aumentar artificialmente a produção em detrimento da sua própria qualidade, é algo de que os vitivinicultores da região dos vinhos verdes não poderão abdicar.

Nas negociações de adesão à CEE, Portugal assumiu o compromisso de proibir a irrigação das vinhas. No entanto, e uma vez que os vinhos verdes terão de ser alvo de medidas especiais por parte do Conselho das Comunidades antes do fim do período de transição, é de esperar que este ponto venha a receber tratamento adequado.